domingo, 2 de outubro de 2011

MESTRE OMRAAM MIKHAEL AIVANHOV

"Por que é que os humanos não param de criar limitações e cargas
inúteis para si mesmos? Eles não se apercebem de que, ao
afundarem-se na matéria, perdem a sua alegria de viver? Todos os
fardos que eles acumularam pesam no seu coração. Se se
desembaraçarem desses fardos, a alegria voltará.
Muitos viajantes que visitam países muito pobres ficaram
surpreendidos por verem uma população alegre, sorridente, ao
passo que nos países prósperos as pessoas têm uma cara tão
sombria! Pois bem, contrariamente ao que se pode imaginar, a
abundância material não proporciona assim tanta felicidade às
pessoas. Elas tornaram-se prisioneiras de todo esse mundo
artificial que fabricaram para si próprias. As coisas foram tão
longe, o comércio e a finança ocupam um papel tal, que não se vê
como sair dessa engrenagem. E, enquanto a economia “prospera”, os
humanos periclitam."

"Apesar dos vossos esforços para vos abrirdes às vibrações
celestes, há certos dias em que não sentis nada. Mas não
desanimeis, outros dias virão em que as sentireis novamente.
Longo e difícil é o caminho que nos conduz à nossa pátria
celeste; contudo, há uma coisa de que nunca devemos duvidar: um
dia, voltaremos a ela; ao passo que nos empreendimentos
terrestres é muito menos garantido que sejamos bem-sucedidos!
Alguém não teve sucesso num exame ou numa eleição, fazem-no
compreender que é inútil insistir e ele desiste. Mas, quando se
trata da nossa predestinação divina, quaisquer que sejam os
sucessos e as quedas, nós devemos perseverar a todo o custo. Esta
predestinação está tão profundamente inscrita em nós que, mais
cedo ou mais tarde, alcançaremos o objectivo."

"Há imensos artistas que vivem com angústias e tormentos! Para
suportarem esses estados, alguns entregam-se à bebida, às drogas,
à devassidão, etc. Como eles possuem, realmente, certos dons,
isso não os impede de criar, de vez em quando, algumas
obras-primas. Mas quem tira proveito dessas obras-primas são os
outros. Eles sofrem e continuarão a sofrer até imporem a si
mesmos uma disciplina para dominarem as forças obscuras que estão
a destruí-los.
Mas esta é uma questão sobre a qual, geralmente, o público não
reflecte. Basta-lhe que certos livros ou certas obras de arte lhe
interessem, que o inspirem; as tragédias vividas pelos seus
autores não o sensibilizam muito, ele até mergulha com avidez na
biografia desses autores para se saciar com os mínimos detalhes.
Há neste fascínio uma grande crueza, mas as pessoas não têm
consciência disso. E, sobretudo, o que elas ignoram é que esses
artistas que não fizeram por manter os seus dons, as suas
faculdades, com uma disciplina interior, perdê-los-ão mais cedo
ou mais tarde, nesta existência ou na próxima. Como, pela sua
vida desregrada, eles delapidaram todo o seu capital, voltarão à
terra como seres totalmente insignificantes. Não se pode separar
durante muito tempo criação artística e vida moral."

"O Criador quer que o ser humano se desenvolva com as suas duas
naturezas, inferior e superior, pois elas são complementares,
como são complementares o espírito e a matéria. E é isso o
verdadeiro ensinamento do Cristo: como utilizar a natureza
inferior para subir em direcção a Deus.
Mas o que fez a Igreja? Em vez de instruir os humanos com esta
verdade e de lhes dar métodos para a porem em prática, ela
propagou sobretudo uma filosofia e uma moral baseadas na
repugnância pelos instintos e na sua condenação. Por isso, os
cristãos têm ainda muito a aprender e a compreender para se
tornarem verdadeiros discípulos do Cristo e também, muito
simplesmente, para se desenvolverem de maneira harmoniosa como
seres humanos."

"Uma pessoa vem confiar-vos o seu desgosto… Muitas vezes, é mais
para vos levar a partilhardes do seu estado do que para a
ajudardes a encontrar uma solução. Mas, se vos deixais invadir
pelo seu sofrimento, não a ajudais, pois ficais paralisados e
arriscais-vos a ir para o fundo com ela. Pensais que, com a vossa
simpatia e a vossa compaixão, podeis aliviá-la? Sim, por um
momento, talvez, mas pouco depois as queixas recomeçam e as
coisas podem continuar assim durante toda a vida. Essa pessoa
ficará satisfeita se estiverdes sempre junto dela prontos a
partilhar o seu sofrimento, mas não ficará melhor por isso. E
vós, em que estado estareis?
Se quiserdes ser úteis a alguém, não permitais que a sua
perturbação penetre em vós. Permanecei lúcidos, tranquilos,
sólidos; é a única maneira de a tirar daquela situação. Só
podereis ajudá-la opondo uma certa resistência."

"A sabedoria indica-nos o caminho para o alto, pois não é em
baixo, rente ao chão, que se adquire um bom conhecimento das
coisas. Aquele que quer ver o que se passa no vale deve subir a
um cume; uma vez lá em cima, ele não só vê, como fica protegido,
os inimigos não podem atingi-lo. Se vos habituardes a meditar
sobre a imagem do cume, um dia conseguireis alcançar Aquele a que
os Salmos chamam o Altíssimo. Então, mesmo no meio da tormenta,
algo em vós será capaz de permanecer lá nas alturas onde nada
pode lesar-vos.
A sabedoria, a luz, impele os seres para o alto. Por enquanto,
são os desgostos, as dificuldades, que os fazem reflectir e os
tornam mais sensatos. Mas este período passará e, um dia, serão a
alegria, o sorriso e o contentamento que acompanharão a
sabedoria."

"Amar sem esperar ser amado, mas também trabalhar sem esperar ser
reconhecido e recompensado – é isto que deveis conseguir
realizar. Compreendei que não há pior entrave do que a
expectativa de ser apreciado pelo seu trabalho. Vós esperais,
esperais… e essa espera é paralisante, vós perdeis o entusiasmo.
Ora, o ser humano só pode crescer estando activo, no seu corpo
físico e, sobretudo, no seu coração, no seu intelecto, na sua
alma e no seu espírito.
Ao esperar um reconhecimento, seja por que forma for, não sentis
que vos limitais, que vos obscureceis? Agi unicamente porque
sentis que isso é útil e bom, ponto final! Não espereis nada em
troca e vivereis na liberdade e na luz."

"Quando tendes a certeza de que estais a trabalhar para uma causa
justa e nobre, nada deve desviar-vos desse rumo. E, sobretudo,
não espereis a aprovação dos outros, pois desse modo não fareis
grande coisa: um dia, eles aprovam-vos, mas, algum tempo depois,
não se sabe porquê, criticam-vos.
Há na vida períodos de sucesso em que se é reconhecido,
apreciado, e depois vêm outros períodos em que se é posto de
parte. Aqueles que não estão habitados pela ideia do amor, do
trabalho desinteressado, arriscam-se a cair no desânimo e na
amargura. Mas, se conhecerem a lei, dizem para si mesmos: «Eu fiz
um trabalho no passado e, ao fazê-lo, adquiri certas qualidades.
Agora, que as condições são novas, devo certamente fazer outro
trabalho, para desenvolver outras qualidades.» E assim mantêm-se
senhores da situação."

"Passear-se com as suas preocupações e os seus desgostos inscritos
no rosto é uma falta de amor, é um fardo que se coloca sobre os
ombros dos outros. Achais que o mundo não é suficientemente
triste? Porquê juntar-lhe a vossa própria tristeza?
É certo que a vida nos traz todos os dias situações que nos
deixam tristes, desanimados, é impossível não o sentir, mas por
que haveis de o mostrar? Vós direis: «Como é possível não mostrar
o que se sente?» Quando encontrais alguém, não podeis fazer o
esforço de escolher um tema de conversa ou mesmo de contar uma
história divertida, uma anedota, que lhe faça bem? Procurai rir
em conjunto com essa pessoa! Ao fazerdes bem a ela, também vós
beneficiais, pois o que ela sente virá até vós, em retorno. Sim,
também nestas situações funciona a lei do eco, cujas
correspondências na vida espiritual eu já vos expliquei tantas
vezes."

"Viver incessantemente na alegria parece coisa impossível porque
não se conhece a estrutura do ser humano. Além dos corpos físico,
astral e mental, nós possuímos três corpos superiores, os corpos
causal, búdico e átmico. Estes três corpos põem-nos em relação
com o mundo divino e, se nós conseguirmos desenvolvê-los, mesmo
as preocupações e os desgostos não podem alterar ou obscurecer o
que nós estamos a viver nas regiões da luz.
Por isso, devemos esforçar-nos todos os dias, pelos nossos
pensamentos, sentimentos e actos, mas também pela meditação e
pela oração, por manter a ligação com o mundo divino, a fim de
continuarmos a viver na nossa alma e no nosso espírito. E a nossa
alma e o nosso espírito inspiram-nos uma forma totalmente
diferente de viver e de sentir as coisas. Quando a alma e o
espírito falam em nós, há tantas penas e tantos sofrimentos que
se apagam!... e que até se transformam em paz, em sabedoria, em
compreensão do sentido da vida."


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