sábado, 4 de fevereiro de 2012

OMRAAM MIKHAEL AIVANHOV

"Quando, à força de trabalho, de abnegação, de sacrifícios,
um ser humano se libertou completamente, já não tem qualquer
dívida cármica a pagar, já não está submetido à lei da
reincarnação. Daí em diante, a sua morada são as regiões
celestes e ele vive nelas na beatitude e na luz.
Mas alguns desses seres que se libertaram, vendo os sofrimentos
dos seus irmãos humanos na terra, decidem voltar para os ajudar.
Quando se viveu na terra não se pode apagar completamente a
lembrança das experiências que se fez e cortar a ligação com
ela. Então, mesmo sendo livres, mesmo estando a saborear as
alegrias do infinito e da eternidade, alguns seres sentem
necessidade de lançar um olhar sobre os pobres humanos entre os
quais eles outrora viveram e aos quais, apesar de toda a
distância que os separa, ainda se sentem ligados. Passados
séculos ou até milénios, eles têm essas lembranças e, com a
grandeza e a abundância do seu coração, decidem descer de novo
para partilharem as suas dificuldades e ajudarem-nos."

"Ninguém negará que todos os seres humanos que povoam o planeta
estão vivos. Mesmo que tenham apenas uma vida vegetativa,
instintiva, estão vivos. E a maior parte tem também uma vida
emocional, afetiva, ou mesmo uma vida intelectual. Mas, mais
acima, no plano espiritual, muitos deles já estão mortos! E
quando se está morto em cima, pouco tempo depois morre-se
também em baixo. Como diz a sabedoria popular, o peixe começa a
apodrecer pela cabeça, e é o que se passa com os ignorantes que
deixam apodrecer a sua cabeça, isto é, que abandonam o
espírito: a contaminação acaba por propagar-se a todas as
células do seu corpo.
Quando o homem está morto espiritualmente, ele é já um
cadáver no alto, e morre sucessivamente nos outros planos: no
plano mental – o pensamento –, perde a sua luz; no plano
astral – os sentimentos –, perde o seu calor; no plano
etérico, perde as suas energias vitais; e então, o corpo
físico, que já não é sustentado por todas essas energias,
acaba por morrer também. Para um Iniciado, a palavra “vida”
subentende sempre a vida espiritual, pois é ela que mantém todo
o edifício."

"Muitas pessoas não pensam que, no turbilhão das suas atividades
quotidianas, a cada instante podem perder a vida! Ou, mesmo que
pensem nisso, a morte é para elas uma palavra vazia de
conteúdo. Então, quando se aproxima o momento de deixarem a
terra, vivem uma tomada de consciência terrível e o remorso
apodera-se delas, pois têm a sensação de que passaram ao lado
de tudo o que tem valor na existência.
Apesar de o remorso não apagar nada, é bom lamentar os seus
erros e o tempo perdido. Mas, para que esses lamentos não sejam
coisa estéril, é preciso, ao mesmo tempo, ligar-se à luz, pois
ela é a nossa única salvação. Onde quer que possamos ir, é a
luz que nos conduz, e ela é também um alimento para nós."

"Cada atividade da vida quotidiana contém um ensinamento no qual
deveis meditar. Vós sabeis, por exemplo, que deveis dedicar
todos os dias pelo menos alguns minutos para manter a vossa casa
limpa e em ordem, senão a existência rapidamente se tornaria
insuportável. Então, por que é que ainda não compreendestes a
necessidade de limpar e pôr em ordem o vosso foro íntimo com a
mesma paciência, a mesma regularidade, a mesma tenacidade?
Evidentemente, se a vossa casa estiver demasiado suja, ou
atulhada de coisas, ou estragada, tereis sempre a possibilidade
de ir habitar noutro local. Mas tentai mudar-vos para fora de
vós mesmos!
Portanto, é todos os dias, infatigavelmente, que deveis visitar
o vosso foro íntimo e dizer: «Vejamos: o que é que não está
bem?», e não deixar as coisas arrastarem-se, o pó acumular-se,
os detritos amontoarem-se, senão chegará um dia em que será
demasiado tarde para remediar a situação. É diariamente,
várias vezes por dia, que é preciso “fazer a lida da casa”,
isto é, repor a ordem, a pureza, a paz e a harmonia em si mesmo."

"Todos os dias vós introduzis chaves em fechaduras de um modo
automático, distraidamente, sem ver que, ao fazê-lo, estais a
repetir, simbolicamente, o trabalho do espírito (a chave) na
matéria (a fechadura). Então, decidi-vos a estudar o que são
uma chave e uma fechadura e tereis chaves para abrir fechaduras
em que nunca pensastes. Sim, os ouvidos, a boca, as narinas, os
olhos, são fechaduras; e o próprio cérebro é uma fechadura.
Quando compreenderdes isto, estareis na posse das chaves que
abrem as portas da natureza, mas também abrem portas em vós mesmos.
E o que são o intelecto, o coração e a vontade? Portas que
dão acesso às regiões onde nós pensamos, sentimos, agimos, e
as chaves para abrir essas portas são a sabedoria, o amor e a
verdade. A sabedoria abre o intelecto, o amor abre o coração e
a verdade abre a vontade. Quando tiverdes problemas, experimentai
usar estas chaves. Se não conseguirdes com a primeira, tentai a
segunda. A segunda também não abre? Tentai a terceira. Se
souberdes como operar, é impossível que uma destas três chaves
não acabe por resolver o vosso problema."

"Apresentai-vos todos os dias perante o Senhor e pedi-lhe para
serdes guiados a fim de agirdes corretamente em relação a vós
e aos outros. É claro que Ele não virá inspirar-vos
diretamente, mas enviar-vos-á anjos que vos acompanharão...
Mais tarde, aprendereis que, nos caminhos que trilhastes, muitos
acidentes e desgraças puderam ser evitados e, pelo contrário,
muitas coisas boas foram realizadas. As entidades celestes
dir-vos-ão: «Olha, tudo aquilo foi feito graças a ti.»
Sim, um dia vós sabereis o que fizestes ou, mais precisamente,
o que foi feito através de vós. Ser-vos-á mostrado quantas
entidades magníficas puderam manifestar-se porque vós
começastes o dia pedindo ao Senhor que dirigisse a vossa vida."

"Um ser só se torna verdadeiramente moral quando desperta nele a
sensibilidade para tudo o que é coletivo, universal, cósmico.
Esta faculdade permite-lhe não só entrar na alma e no coração
dos outros, mas também, se porventura os fizer sofrer, sentir
ele próprio as dores que lhes inflige e procurar repará-las.
Um dia, os humanos deverão compreender que tudo o que fazem aos
outros, tanto o bem como o mal, é a si mesmos que o fazem.
Aparentemente, cada ser está isolado, separado dos outros, mas,
na realidade, no plano espiritual há algo dele que vive em todas
as criaturas, em todo o universo. Se esta consciência universal
estiver desperta em vós, no momento em que prejudicais os outros
sentis que estais a lesar-vos a vós próprios. E acontece o
mesmo quando os ajudais e lhes manifestais o vosso amor. É este
o fundamento da moral: quando o homem começa a sentir em si
mesmo o mal e o bem que faz aos outros."

"É mais fácil obter uma coisa do que mantê-la, isso é algo que
se observa diariamente na vida corrente. Muitas pessoas que são
capazes de aplicar toda a sua inteligência, toda a sua vontade,
toda a sua paciência, para serem bem-sucedidas e obterem aquilo
que desejam, mostram-se depois tão negligentes, tão
imprudentes, que perdem tudo!
E, infelizmente, isso é ainda mais verdadeiro em relação à
vida interior. Então, se vos vem uma ideia, uma inspiração, um
momento de entusiasmo, esforçai-vos por mantê-los, e não só
mantê-los, mas também alimentá-los e amplificá-los. Nunca
esqueçais que há entidades do mundo invisível a observar-vos.
Se elas veem que vos concentrais em verdades essenciais, dão-vos
o que a terra jamais poderá dar-vos. Guardai preciosamente
aquilo que tiverdes recebido; não fazeis ideia de quantas
entidades se mobilizaram para que o obtivésseis. Sim, como
podeis crer que o obtivestes sozinhos, sem qualquer ajuda?...
Então, não vos mostreis negligentes nem ingratos, preservai
esse tesouro, protegei-o bem. "

"Em tudo o que vos acontece, nas dores como nas alegrias, há
qualquer coisa a descobrir para o vosso avanço, para a vossa
compreensão da vida. E a gratidão é a chave que abre as portas
do verdadeiro saber. Por isso, pela manhã, quando despertais,
dizei: «Meu Deus, obrigado por me teres dado a vida em mais este
dia, para que eu possa servir-te e cumprir a tua vontade, para
tua glória e a vinda do teu Reino à terra.»
Com estas palavras, colocais-vos já sob a proteção do Céu,
dais uma boa orientação a tudo o que fareis ao longo do dia e
encontrareis a atitude adequada a ter perante todos os
acontecimentos que podem sobrevir, pois não basta dizer
«Obrigado, Senhor» no momento em que vos chega uma boa notícia
ou recebeis algo que vos dá prazer. Vós deveis aprender a
agradecer continuamente e por toda a parte."

"Não vos preocupeis em saber se o ser que amais é também aquele
que vos ama. Porquê? Porque o amor circula, vai de uns para os
outros: quem o recebe deve dá-lo. Aquilo que dais a um ser que
amais ele dá-o por sua vez, e assim forma-se uma cadeia, uma
corrente que parte de vós e volta a vós depois de passar por
milhares de homens e de mulheres. Muitas vezes, aqueles que se
limitam a enviar um ao outro o seu amor não fazem circular a
corrente; pelo contrário, eles cortam-na.
Vou dar-vos mais uma imagem. Considerai os humanos como
alpinistas de uma única fileira. É preciso que cada um avance e
que a corda permaneça esticada. Se vós dizeis àquele que
caminha diante de vós: «Eu amo-te, vira-te para trás, olha
para mim», perturbais o avanço de toda a coluna. Virar-se para
trás é fazer a corda perder tensão, é impedir aqueles que
estão adiante de prosseguirem o seu caminho. Cada um deve
caminhar no sentido do deslocamento de toda a cadeia. Não temos
de parar no caminho para nos olharmos e falarmos uns com os
outros; devemos subir sempre sem abrandamento, com constância,
para o cume! A vida quotidiana apresentar-vos-á tantas ocasiões
para interpretardes esta imagem!"

"Existe em cada ser humano algo, podemos dizer um espaço, que
nada nem ninguém jamais poderá preencher, exceto o próprio
Deus. Nesse espaço a que se chama coração, vós podeis pôr
todos os seres e todos os objetos que quiserdes, mas continuará
a haver lá lugar e vós sentireis uma falta, um vazio. Só Deus,
que é incomensurável, infinito, pode preencher esse vazio.
Quando tiverdes feito entrar Deus no vosso coração, cada ser e
cada coisa trar-vos-á alegria por causa dessa presença de Deus
em vós. Começai, pois, por abrir o vosso coração Àquele que
vos criou, e depois haverá lugar para todas as outras criaturas.
Elas serão bem-vindas e vós nunca mais vos sentireis sós e
abandonados."

"Ficais mesmo felizes quando conseguis obter aquilo que desejais?
Ficais realmente satisfeitos? Por um momento, talvez. Mas, pouco
depois, sentis um vazio, falta-vos mais qualquer coisa. Que
conclusão tirar, então, destas experiências? Que deveis
alimentar desejos irrealizáveis, pois será desse modo que vos
sentireis sempre felizes: por causa desses desejos. Como se
explica isso? Pelo facto de o homem ter possibilidades infinitas
nos seus pensamentos e nos seus desejos, pois no mundo da alma e
do espírito não existem limites. Se ele sente limites, é
porque ele próprio se limitou.
Vós deveis, pois, alimentar sonhos irrealizáveis e, graças à
vossa vida espiritual, os vossos desejos e os vossos pensamentos
tornar-se-ão tão puros e luminosos que se elevarão muito no
espaço, onde chegarão até seres e elementos que correspondem
exatamente à sua natureza. Pouco a pouco, vós atraireis esses
elementos até vós e estareis sempre alegres."

"A existência é um movimento perpétuo. Mesmo quando hoje só se
tem de prosseguir as atividades da véspera, nenhum dia se
apresenta com condições idênticas. Quantas coisas podem mudar
de um dia para o outro! No trabalho, na família, na sociedade,
é sempre necessário adaptar-se. Se não se está preparado,
surgem surpresas! E sabe-se quais são os efeitos produzidos
pelas situações de que não se estava à espera: incerteza,
agitação, perturbação.
Cada dia traz novos problemas para resolver. Como conseguireis
resolvê-los se não tirastes a limpo o que vivestes na véspera?
Só podeis estar seguros em relação ao amanhã se hoje tiverdes
sabido consolidar as bases da vossa vida psíquica. A maneira
como sentireis os acontecimentos exteriores depende unicamente de
vós, da vossa capacidade para organizar o vosso mundo interior.
Esta organização é que se refletirá na vossa perceção das
coisas: quando o amanhã chegar, os acontecimentos
encontrar-vos-ão preparados e determinados."

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