terça-feira, 4 de dezembro de 2012

MESTRE OMRAAM MIKHAEL AIVANHOV


"Pode suceder que os membros da vossa família que deixaram a
terra, e em particular os vossos pais e os vossos avós, venham
visitar-vos, pois eles não vos esqueceram e querem saber aquilo
que fazeis desde que partiram. Quando eles vos veem empenhados no
caminho do bem, da luz, ficam felizes, mas, se assistem a recuos,
a quedas, sentem-se traídos pelos seus filhos ou netos.
Ao observar-vos, eles são também levados a questionar-se sobre
o modo como agiram durante a sua vida na terra, mas também sobre
a educação e o exemplo que vos deram. Eles compreendem aquilo
que descuraram, em que é que erraram, e tentam introduzir-se em
vós para vos aconselhar. Por isso, quando encontrais
dificuldades, quando passais por provações, podeis dirigir-vos
a eles e pedir-lhes ajuda. "

"Por vezes, sem saberdes porquê, vós sentis subitamente uma
alegria ou um desgosto. Há várias explicações possíveis para
isso, mas vou dar-vos uma em que certamente não pensastes. Por
certo já vos aconteceu passar na rua por alguém cujo rosto
atraiu o vosso olhar e a quem enviastes espontaneamente um
pensamento, um raio de amor... Essa pessoa nem sequer se
apercebeu de que olhastes para ela, mas recebeu aquilo que lhe
enviastes de bom através dos vossos olhos e beneficiou dos seus
efeitos. Quando sentis subitamente uma alegria, talvez tenha sido
uma entidade do mundo invisível que, ao passar, vos dirigiu o
seu olhar projetando o seu amor sobre vós, e o vosso coração
foi tocado. Onde quer que nós estejamos, estamos sempre rodeados
por uma multidão de seres visíveis e invisíveis e recebemos
ora coisas boas, ora coisas más, o que explica muitos dos nossos
diferentes estados.
O Sol, que nos olha todos os dias, também nos envia ondas
vivificadoras. E como ele é uma imagem de Deus, o nosso Sol
espiritual, devemos tornar-nos conscientes de que, através do
Sol, é Deus que olha para nós. Amar Deus é apresentar-se todos
os dias diante d’Ele para receber o seu olhar."

"Hoje em dia – é espantoso… – podeis encontrar Iniciados
por toda a parte, mesmo nos cabarés e nos lugares de prazer! E
como é que podeis reconhecê-los? Oh, é simples, são eles que
o dizem: «Eu sou um Iniciado.» Alguns até acrescentarão que
atingiram o sétimo, o oitavo ou o nono grau da Iniciação, e os
ingénuos, os cegos, regozijam-se: encontraram um Iniciado que,
em alguns dias, vai iniciá-los também a eles; que bênção!
No passado, ninguém conhecia os Iniciados, a não ser aqueles
que os procuravam sinceramente e sabiam distingui-los. Eles nunca
diziam que eram Iniciados, permaneciam secretos, ignorados,
ocultos. Como o Eremita da nona carta do Tarot, esse ancião que
tem na mão uma candeia e a resguarda nas dobras da sua capa para
a esconder dos olhares da multidão. É esta a imagem do
verdadeiro Iniciado. "

"Fica-se espantado ao ver tantas pessoas que se dizem
espiritualistas lançarem-se – e com que obstinação! – na
busca de tesouros. E elas acham que vão ser bem sucedidas porque
encontraram, em velhos livros de feitiçaria, fórmulas mágicas
para coagir os espíritos a satisfazer as suas cobiças. Só que
os espíritos do mundo invisível podem enganá-las, pois é
ingenuidade pensar que eles estão todos ali dispostos a
satisfazer os humanos. Além disso, eles não aceitam ajudar
qualquer um. Quem quer dominá-los, impor-se a eles, deve ter
grandes virtudes e demonstrar muita coragem; em certos casos,
deve mesmo ser capaz de enfrentar as forças do Inferno.
Procurar tesouros não é coisa interdita, mas só se se souber
quais, quando e segundo que regras, senão sucumbir-se-á. E o
espiritualista deve começar por aprender a extrair o ouro
escondido na sua alma, pois esse ouro é que o tornará não só
rico, mas também invulnerável."

"Há imensas pessoas que não temem beber um copo com todos os
diabos do inferno mas têm o maior medo do espírito, dos estados
superiores de consciência, e fogem deles. No fundo de si mesmas,
elas sentem que ainda têm necessidade de dar livre curso aos
seus caprichos, às suas cobiças; então, como é que não
haveriam de ter medo de uma luz que lhes mostrará as suas
fraquezas e lhes provocará remorsos sempre que elas se derem
conta de que agiram mal?
Aqueles que temem a luz do espírito não analisaram corretamente
a causa desse temor e justificam-se apresentando toda a espécie
de pretextos desonestos, como, por exemplo, que a espiritualidade
desequilibra as pessoas, as impele a descurar a vida familiar e
social... Ao passo que eles, sim, são pais e cidadãos
magníficos, compreendeis?... Pois bem, não é nada disso, a
verdade é que eles fogem da luz, pois sentem que ela é o pior
inimigo da sua natureza inferior, que eles não querem
esforçar-se por dominar."

"Nas igrejas e nos templos, há o costume de acender velas e de
queimar incenso. Porquê? Porque a vela e o incenso a arder
simbolizam o sacrifício, isto é, a transformação de uma
matéria bruta numa matéria mais subtil: luz, perfume. Esta luz
e este perfume que acompanham as orações dos fiéis elevando-se
para o Senhor representam o que eles devem queimar neles
próprios para serem escutados.
Nenhum dos atos que o homem realiza na sua vida é fruto do
acaso; mesmo aqueles que parecem insignificantes contêm um
sentido profundo. Então, sempre que vós acendeis uma vela ou um
fogo, deveis deixar-vos impregnar pela profundeza desse fenómeno
que é o sacrifício e pensar que, para se poder ter acesso aos
planos superiores da alma e do espírito, é sempre necessário
queimar algo em si próprio. Há tantas coisas acumuladas no
nosso interior e que nós podemos queimar! Todas as impurezas,
todas as tendências egoístas, passionais – é essa a matéria
que nós devemos queimar para produzir uma luz que nunca nos deixará."

"Instintivamente, os humanos estão sempre a projetar-se no
futuro, eles vivem na esperança de que o amanhã será melhor,
mas, muitas vezes, esta projeção no futuro não passa de uma
fuga. Em que baseiam eles a esperança de que o futuro pode ser
melhor do que o presente? A verdade é que o futuro será ainda
pior se eles se limitaram a esperar sem trabalhar.
As coisas boas raramente chegam do exterior. Se elas chegam,
tanto melhor; mas sois vós, sobretudo, que tendes o poder de
fazer virar os acontecimentos a vosso favor ou a vosso desfavor,
pois podeis viver cada acontecimento de duas maneiras: uma que
vos eleva acima de vós mesmos e outra que vos faz descer ou
mesmo cair. Trabalhai com a sabedoria, o amor e a vontade e
transformareis as condições exteriores mais desfavoráveis em
bênçãos para vós e para os outros."

"Podemos comparar um símbolo a uma semente que pomos na terra.
Tal como faria em relação a uma semente, o Iniciado enterra
cada símbolo na sua cabeça e rega-o com frequência; pouco a
pouco, aparece um pequeno caule que cresce e se reforça até se
tornar uma árvore imensa. Então, o Iniciado regozija-se,
trabalha à sombra dessa árvore, colhe os seus frutos, semeia as
sementes desses frutos e tudo recomeça.
O mundo dos símbolos é um mundo vivo. Do mesmo modo que uma
semente contém em potência uma árvore completa, um símbolo
sintetiza todo um lado do saber. Se me perguntardes: «Mas, para
que serve um símbolo?», eu responder-vos-ei: «E para que serve
uma semente?» Trabalhando com uma dezena de símbolos, vós
possuís todo o saber. É-nos impossível levar connosco para
toda a parte uma grande biblioteca, mas, com alguns símbolos,
nós transportamos todos os livros sagrados da humanidade, pois
todos esses livros se resumem em alguns símbolos. Mas, para
decifrar esses símbolos, para que eles nos falem, 
é preciso que os tornemos vivos em nós."

"Quereis sentir-vos livres? Trabalhai para enobrecer os vossos
pensamentos e os vossos sentimentos, pois a verdadeira liberdade
é a liberdade interior. Evidentemente, também é desejável ser
livre nos seus movimentos no plano físico, mas considerai que
esta liberdade é secundária. A única liberdade a que vale a
pena aspirar é a liberdade interior, pois de que vos servirá
poder ir livremente onde quereis se transportardes em vós
pensamentos e sentimentos que vos envenenam, vos atam de pés e
mãos e, um dia, acabarão por reter-vos na cama? De que
liberdade poderemos falar então?
Por isso, não procureis tanto a liberdade física, pois, muitas
vezes, é ela que proporciona todas as possibilidades para vos
perderdes e cairdes em armadilhas. Procurai antes a sabedoria, o
amor, a verdade, a justiça, a bondade, pois desse modo, onde
quer que estejais e quaisquer que sejam as condições,
sentir-vos-eis livres. "

"Procurai todos os dias tomar consciência de que não sois uma
entidade distinta do Senhor e acabareis por sentir que não
existe realmente qualquer distância entre Ele e vós. As
consequências desta tomada de consciência são de uma extrema
importância. Vós sabeis bem que, quando estais em contacto com
um ser, recebeis as suas influências, boas e más. Portanto, se
entrais em contacto com o Criador, pouco a pouco tornar-vos-eis,
como Ele, luminosos, poderosos e cheios de amor. Até esse
momento, seja o que for que façais, nunca obtereis grandes
resultados, pois permanecereis um ser separado, e um ser separado
da omnipotência divina só pode ser fraco.
Os Mestre hindus ensinam aos seus discípulos a seguinte fórmula
para eles repetirem: «Eu sou Ele», pois, ao penetrar-se desta
verdade, o discípulo compreende que só “Ele”, isto é,
Deus, existe. Então, a sua consciência alarga-se, ele funde-se
na imensidão, torna-se “Ele” e, como “Ele”, pode
realizar maravilhas."

"As relações entre os homens e os animais ainda são mal
conhecidas. É difícil reconhecer sinais que revelam que uma
alma humana está condenada a viver num corpo de animal para aí
expiar erros cometidos numa existência anterior. Mas é uma
realidade: a lei cármica pode pôr, por um determinado tempo,
uma alma humana num corpo de animal, onde ela coabita com a alma
animal, mas sem a desalojar...
Há muitos tiranos que são assim condenados a viver, pelo menos
momentaneamente, no corpo de um animal! Expostos às
intempéries, obrigados a procurar todos os dias o seu alimento,
constantemente alerta, apanhados em armadilhas, maltratados,
agredidos, eles experienciam aquilo que fizeram os outros sofrer.
É essa a sua punição e, quando eles finalmente compreenderam,
a alma é libertada, pois nunca se deve perder de vista que
existe uma diferença de natureza entre a alma humana e a alma
animal à qual ela está ligada por um tempo: quando a alma
humana, libertada, se separa dela, a alma animal continua a viver
a sua própria vida."

"É natural lamentar os erros que se cometeu, mas ninguém deve
sobrecarregar-se com isso e bater continuamente no peito pensando
que assim irá atrair a misericórdia divina. Não, na realidade,
com essa atitude a única coisa que se faz é recriar no astral
sempre os mesmos registos – coisas feias, misérias – e alimentá-los.
Cometestes erros e lamentais tê-lo feito? Muito bem, mas não os
repiseis. Depois de terdes compreendido em que é que agistes mal
e porquê, trazei à vossa memória os momentos luminosos que
certamente também conhecestes, esses momentos em que vos
sentistes um filho de Deus, leve, feliz, cheio de amor por todos.
Restabelecereis assim na vossa alma condições para que as
entidades que haviam participado nesses estados venham
revisitar-vos e recebereis de novo forças e bênçãos."

"A tendência natural dos humanos é querer punir aqueles que
agiram mal. Mas com que objetivos querem eles puni-los? É porque
desejam que eles se melhorem ou porque querem simplesmente
aplicar a justiça e ajustar contas?...
Punir um malfeitor sem lhe dar os meios para se corrigir não é
justiça, mas vingança. Muita gente imagina que, prendendo os
criminosos, dá-se-lhes uma lição!... De modo nenhum, muitas
vezes eles tornam-se piores do que antes. E outras pessoas pensam
que, condenando-os à morte, procede-se a uma eliminação
purificadora. Mas, quando se extermina os mosquitos sem acabar
com os pântanos, vêm ainda mais mosquitos. Ainda não vos
apercebestes disso? E nas nossas sociedades passeiam-se mosquitos
de uma espécie particular. Quem não quer continuar a ser picado
não pode proporcionar-lhes as condições em que eles só irão proliferar."

"É possível, para um Mestre espiritual, expulsar as entidades
malfazejas que tomaram posse de um homem ou de uma mulher. Se ele
entende que isso é necessário, aceita a luta contra essas
entidades e põe-nas em fuga. Só que, quando se liberta um ser
possuído por espíritos tenebrosos, eles vão imediatamente à
procura de outra morada. Até os Evangelhos falam nisso.
Está escrito que, quando Jesus libertou dos seus demónios o
homem de Gádara que estava possuído, eles lhe suplicaram «que
não lhes ordenasse que fossem para o abismo». Então, Jesus
fê-los entrar num rebanho de porcos que ali se encontrava e
esses porcos precipitaram-se no mar, onde se afogaram. É
possível, pois, expulsar os espíritos tenebrosos, mas eles
irão procurar abrigo noutros seres vivos. Por isso, o exorcismo
é uma questão que é preciso estudar com muito cuidado."

"A vida quotidiana é uma sequência de preocupações e de
atividades múltiplas nas quais sois obrigados a dispersar-vos e
por isso, no final do dia, por vezes já vos sentis um pouco
desorientados. Mas há um remédio para isso: habituai-vos a
parar por uns instantes, várias vezes por dia e onde quer que
estejais, para vos recolherdes e assim retomardes o contacto com
o vosso verdadeiro Eu. Quer estejais em vossa casa, no trabalho
ou na rua, pensai em fazer este exercício.
Vós direis: «Como? Na rua? Meditar na rua?» Não, eu não
estou a dizer que deveis meditar na rua, mas podeis muito bem
parar por alguns segundos diante de uma montra e aí, sem
estardes necessariamente concentrados, tensos, fixos em alguma
coisa, fechar os olhos por alguns segundos sem pensar em nada.
Nesse momento, a alma e o espírito ajustam as correntes, vós
recuperais a vossa unidade interior e sentis-vos apaziguados,
reforçados. Fazei este exercício e compreendereis até que
ponto esta prática, aparentemente insignificante, pode ajudar-vos."

"Nenhum ser humano nasce perfeito; mesmo os maiores sábios, os
maiores Iniciados, nenhum saiu do ventre da sua mãe com uma
auréola de luz divina. Por quantas tribulações e sofrimentos
eles tiveram de passar para encontrar o seu caminho e, depois de
o terem encontrado, para não se afastarem dele! Também eles
choraram e suplicaram durante muito tempo...
As injustiças, os ultrajes ou as traições não afetam muito os
sábios e os Iniciados. Eles só choram e suplicam para receberem
a luz e a conservarem. E essas lágrimas que eles vertem pela luz
são recolhidas preciosamente pelos anjos."

"Observai o que se passa à vossa volta e no mundo: vereis tantos
casos em que os humanos estão ocupados a arrastarem-se uns aos
outros para caminhos onde só podem encontrar a ruína física e
psíquica! Vejam aquilo com que os ocupam, com que os distraem,
com que os divertem, e tudo o que lhes apresentam para excitar as
suas cobiças!
Os humanos deveriam fazer muitos acertos para encontrarem
finalmente a direção certa! Há todos os dias tantas coisas que
os atraem, os põem em desordem, os sobrecarregam! Por isso, a
primeira tarefa que lhes cabe é verem claro nesse domínio:
verem claro para fazerem uma triagem e se concentrarem nas
atividades que os ajudam a “escavar”, a entrar profundamente
neles mesmos para descobrir a luz."

"Quando o ser humano se afasta das vias da sabedoria e do amor, as
células de todos os seus corpos sofrem as consequências disso,
já não têm a mesma vitalidade, pode mesmo dizer-se que ficam
sem ânimo; então, quando a doença vem, elas são incapazes de
a combater. O general que quer transmitir aos seus homens o
impulso necessário para repelir o inimigo esforça-se por
dar-lhes um exemplo de integridade, de força anímica, sabendo
que os soldados o imitarão. Em todos os domínios se verifica a mesma lei.
Alguém vem dizer-me: «Não sei porquê, mas sinto-me esquisito,
tudo me cansa, me irrita, não tenho gosto por nada.» Pois bem,
para mim é claro: essa pessoa transgrediu as leis da sabedoria e
do amor. Ao transgredir estas leis, ela enfraqueceu as suas
defesas, deixou que surgissem fissuras na sua aura e as suas
energias vão-se por essas fissuras. Se ela seguir de novo o
caminho da sabedoria e do amor, a sua aura fará de todo o seu
ser uma fortaleza impenetrável."

"No Génesis está escrito que, quando Jacob deixou a terra de
Canaã para procurar uma esposa, chegou a um local onde passou a
noite. Aí, ele adormeceu com a cabeça apoiada numa pedra.
Durante o sono, viu uma escada que ligava a terra ao céu, com
anjos que subiam e desciam. Foi assim que ele teve a revelação
dessa hierarquia cósmica a que os cabalistas chamam Árvore da Vida.
A terra e o céu não estão separados, existe entre eles toda
uma circulação, existem trocas. Certos clarividentes viram
seres que desciam e agiam sobre os humanos, os animais, as
plantas, as pedras... Alguns iam embora rapidamente, mas outros,
pelo contrário, permaneciam por muito tempo para continuar a sua
tarefa. Por enquanto, muito poucas pessoas acreditam que estas
criaturas existem realmente e fazem um trabalho, mas um dia toda
a humanidade terá consciência desta circulação que existe
entre a terra e o céu, entre a terra e o Sol, e até entre a
terra e regiões mais distantes em todo o universo, até ao infinito."