domingo, 3 de fevereiro de 2013

MESTRE OMRAAM MIKHAEL AIVANHOV



"Bom ano, feliz ano novo! Neste primeiro dia, vós estais todos
cheios de esperança. Dizeis para convosco: «Não obtive aquilo
que desejava durante o ano que está a terminar, mas agora, com o
novo ano, vou conseguir.» Cada novo ano traz a esperança mesmo
aos que têm menos meios. No fundo de si mesmos, talvez eles até
nem acreditem muito, mas têm sempre alguma esperança. Em cada
ano novo, a esperança renasce: não podeis não pensar que
alguma coisa vai melhorar para vós, que se vai abrir uma porta.
Vós direis: «E se nada melhora, se nenhuma porta se abre?»
Abrir-se-á pelo menos uma porta se pensardes que também vós
tendes algo a fazer para que isso aconteça. Como? Projetai-vos
pelo pensamento em certas situações da vossa vida e imaginai
que agis com justiça, com sabedoria, com amor. Trabalhando dessa
forma, já estais a preparar o vosso futuro. Se fordes sinceros,
perseverantes, influenciareis as forças da natureza e as
entidades luminosas do mundo invisível: elas virão contribuir
para a realização dos vossos bons desejos."

"O Evangelho de São Mateus refere que magos vindos do Oriente
chegaram a Jerusalém e disseram: «Onde está o rei dos Judeus
que acaba de nascer? Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo.»
Estes magos, a que a tradição deu os nomes de Melchior,
Baltazar e Gaspar, trouxeram a Jesus ouro, incenso e mirra. Cada
um destes presentes tem o seu simbolismo. O ouro significa que
Jesus era rei: a cor dourada é a cor da sabedoria, cujo brilho
surge por cima da cabeça dos Iniciados como uma coroa de luz. O
incenso significa que ele era sacerdote: o incenso representa o
domínio da religião, que é também o domínio do coração, do
amor. E a mirra é um símbolo da imortalidade: ela era usada
para embalsamar os corpos e assim garantir a sua conservação.
Portanto, os Reis Magos trouxeram presentes que estão
relacionados com estes três domínios: pensamento, sentimento e
corpo físico. Cada um está também ligado a uma séfira da
Árvore da Vida: a mirra a Binah, a eternidade; o ouro a
Tiphéreth, a luz; e o incenso a Hessed, a devoção."

"Estai conscientes de que as vossas mãos são como antenas: elas
têm a capacidade de captar correntes de energia do espaço e
também são capazes de projetar correntes. Mas, para
conseguirdes que, um dia, as vossas mãos só atraiam e projetem
correntes benéficas, deveis começar por estar muito atentos a
todos os gestos que fazeis na vida quotidiana, pois cada gesto,
por mais insignificante que seja, produz uma vibração. Qualquer
que seja a vossa tarefa, esforçai-vos por executá-la com gestos
bem medidos, harmoniosos, sabendo que estais a pôr em ação
forças e elementos que vos permitem transpor essa atividade para
o plano espiritual e assim atingir os graus superiores da vida.
A verdadeira espiritualidade consiste em utilizar seja que
trabalho for para sintonizar os seus pensamentos, os seus
sentimentos e os seus gestos com a harmonia cósmica. Cada gesto
que impregnais de uma ideia divina inscreve-se nos arquivos da
vossa consciência superior, de onde jorrarão todas as energias
benéficas: o amor, a esperança, a alegria…"

"Contrariamente à opinião que está generalizada, o trabalho
espiritual exige poucos conhecimentos, mas desde que,
evidentemente, eles digam respeito ao essencial e se esteja
disposto a trabalhar. Cada verdade é como uma semente que se
põe na terra e, a partir dessa semente, começará a crescer uma
enorme árvore. É assim o saber verdadeiro. Quem possui este
saber nunca se sente só nem abandonado e, sejam quais forem as
suas dificuldades, encontra uma saída.
Quereis tornar a vossa vida mais rica e mais bela dia após dia?
Abençoai todas as criaturas que encontrais, todos os objetos em
que tocais. Agradecei ao Senhor por tudo o que recebeis, tanto as
alegrias como os sofrimentos, e consagrai-Lhe cada uma das vossas
atividades. Todos os livros de todas as bibliotecas da terra
nunca substituirão estas três práticas: abençoar, agradecer,
consagrar. Fazei delas uma regra para a vossa vida."

"O Céu não está assim tão inacessível, está muito mais
próximo do que imaginais. Ele dá-vos frequentemente sinais e
intervém nos acontecimentos da vossa vida, mas vós não
prestais atenção a isso. Ou então, se sentis durante alguns
instantes a presença junto de vós de algo puro, luminoso, tudo
se apaga muito rapidamente: vós não tomastes consciência do
valor daquilo que recebestes, deixais-vos penetrar por outras
influências, e esqueceis…
Então, daqui em diante, procurai tomar consciência de quão
preciosos são esses momentos em que sentis que presenças
benfeitoras vos alimentam com a sua luz, esses momentos em que o
Céu sussurra à vossa alma palavras vivificantes. Deveis não
só apreciar esses momentos, mas também prolongá-los pelo
máximo tempo que puderdes. Na verdade, tais momentos imprimem-se
em vós para sempre, mas, se deixardes que eles sejam cobertos pelo pó…"

"Alguém vos traz um fruto de uma espécie de árvore que ainda
não conheceis. Vós comeis esse fruto, mas será isso suficiente
para saberdes que árvore o produziu? Não, para saberdes que
árvore foi, não deiteis fora o caroço, como fazeis
habitualmente; plantai-o, pois ele é que vos revelará de que
árvore foi colhido. O caroço está contido no fruto, mas a
árvore está contida no caroço. Para conhecer os segredos do
caroço, é preciso pô-lo na terra e esperar, observando como o
sol e a água atuam sobre ele para que cresça uma árvore com
raízes, tronco, ramos, folhas e novamente frutos.
Que lição se pode tirar desta imagem do caroço? Que qualquer
experiência da vida não deve ser simplesmente vivenciada: há
que considerá-la como um caroço que se põe na terra para se
ver o que dali sairá. Isto significa que vós deveis refletir
sobre tudo o que vos acontece para saberdes o que deveis fazer,
no futuro, com os “frutos” que recebeis: rejeitá-los,
comê-los ou plantá-los para os perpetuardes? Deste modo,
evitareis muitos erros."

"Cada organismo ou cada sociedade que se inicia começa por
preocupar-se com os edifícios em que vai instalar-se, e é por
isso que há igrejas, templos… há parlamentos… há a sede
das Nações Unidas, a da Cruz Vermelha, etc. Mas continua a
haver guerras, injustiças, miséria e crimes. Alguns edifícios
a mais ou a menos não podem mudar grande coisa enquanto, no
invisível, os humanos não forem capazes de construir, com os
seus pensamentos, os seus sentimentos e a sua vontade, monumentos
de luz e de amor. Essas construções invisíveis são tão reais
como as construções de betão ou de vidro, e mais eficazes.
É um monumento desta natureza que eu desejo que nós construamos
em conjunto, algo com um poder tal, que todas as consciências no
mundo sejam tocadas e “mexidas” por ele. Sim, será uma
mexida súbita e com tal amplitude nas consciências que cada um
será arrastado por uma corrente de luz irresistível: sem se
questionar, deixará de lado os seus interesses egoístas e
decidirá trabalhar para a instauração da fraternidade.
Conseguiremos nós, um dia, construir um edifício assim? Não
devemos interrogar-nos sobre isso, mas é nesse sentido que
devemos trabalhar."

"Para nos impregnarmos bem da importância do dia presente,
devemos fazer como se ele fosse o último. Alguns dirão que é
assustador ter assim continuamente presente na cabeça o
pensamento de que se vai morrer. Não, viver cada dia como se
fosse o último não nos impele no sentido da morte, mas sim,
pelo contrário, no sentido da vida. Aqueles que se comportam com
ligeireza e sem cuidados continuando a esperar um futuro melhor
é que caminham para a morte. Sim, eles esbanjam a sua vida.
Os sábios dizem-nos para vivermos cada dia como se fosse o
último para que nos esforcemos por fazer hoje algo de mais
útil, mais belo, mais precioso… algo único! Vós não pensais
realmente que será o último, apenas utilizais um método
pedagógico para viver plenamente esse dia."

"É bom que cada um faça, de vez em quando, uma recapitulação
dos acontecimentos que viveu e da maneira como os viveu, assim
como das pessoas que encontrou, aquelas que lhe trouxeram coisas
boas e aquelas que lhe causaram dificuldades. Mesmo que essas
pessoas não mostrem, aparentemente, qualquer semelhança entre
elas, podem ter algo de comum nas suas emanações. Ao criar este
hábito de sentir e analisar o que emana das pessoas, quando se
estiver perante desconhecidos saber-se-á como proceder. O mesmo
em relação aos acontecimentos: muitos repetem-se sob uma outra
forma, e quem não os estudou bem para deles tirar lições
encontrar-se-á nos mesmos impasses e continuará a não perceber porquê.
A existência obedece a uma espécie de movimento periódico:
tudo se repete mas nunca exatamente da mesma maneira e cabe a
cada um desenvolver o seu sentido de observação e o seu
discernimento."

"Quando sentis a tristeza a aproximar-se, não a deixeis
invadir-vos, reagi! E a que é que eu chamo reagir? Procurar
argumentos para afastar a tristeza não é fácil. Será mais
provável conseguirdes mudar o vosso estado interior agindo no
plano físico: levar uma flor ou um fruto a um amigo (sim, uma
flor ou um fruto, não a vossa tristeza) ou escrever-lhe uma
palavrinha, sair à rua lançando bons olhares ou mesmo um
sorriso a quem passa. Há tantas coisas que se pode fazer! Coisas
aparentemente pouco importantes, mas, na realidade, muito eficazes.
Muitas das vossas tristezas têm causas irrelevantes: uma pequena
contrariedade, uma pequena humilhação. Pois bem, em vez de
ficardes a ruminar em tudo isso e vos deixardes ir abaixo, nesse
momento deveis manifestar gentileza. Não só encontrareis a
vossa paz interior, mas também ganhareis amigos, sereis para
eles uma fonte viva, um raio de sol, um jardim florido. Aprendei
a servir-vos da tristeza para fazer algo de bom, de útil, que
talvez não tivésseis feito se vos sentísseis felizes e
bem-dispostos."

"Será que os humanos procuram seres que os incitem a elevar a sua
inteligência e o seu coração para atingirem um grau cada vez
mais elevado na compreensão da realidade?... Muito raramente. Na
maior parte dos casos, eles procuram aqueles que alimentam os
seus gostos, as suas paixões. Mesmo de um Mestre espiritual,
eles esperam que ele diga o que eles querem ouvir. E, sobretudo,
que ele não mexa com os seus hábitos!
Mas um Mestre espiritual é obrigado a dizer a verdade. Depois,
cabe ao discípulo escolher e determinar-se conforme a sua
compreensão das coisas. E o Mestre sabe que o discípulo irá
exatamente às regiões psíquicas e espirituais com as quais as
suas vibrações entram em correspondência. Existe um mecanismo
cósmico, e esta mecânica é absoluta. Cada ser é atraído e
absorvido pela região com a qual está em sintonia."

"O naturalista que estuda um animal examina em detalhe a sua
anatomia, a sua fisiologia, põe em relevo todas as
particularidades do seu modo de vida, do seu comportamento, e
depois disso pensa que fica a conhecê-lo bem. Não, para se
conhecer verdadeiramente os animais, é preciso penetrar neles.
Vós direis: «Mas isso é insensato e, à partida,
impossível!» Não, não é insensato nem impossível. Não digo
que é preciso fazê-lo, mas apenas que só se conhece
verdadeiramente uma criatura se, ao menos por um momento, se
puder penetrar e viver nela.
Assim, há almas humanas e até almas angélicas que, para
acederem a graus ainda mais elevados de evolução, passam por
provas especiais que as obrigam a viver temporariamente no corpo
de um animal. Por que é que há povos que ainda consideram
sagrados certos animais ao ponto de lhes prestarem culto? Porque
eles sabem que esses animais podem ser habitados por espíritos
superiores aos dos humanos."

"Não é necessariamente por causa daquilo que fazeis que as
pessoas sentem em relação a vós simpatia ou antipatia, mas por
causa daquilo que sois, do que emana de vós e que está ou não
em sintonia com o que de mais profundo existe nelas mesmas. E,
por vezes, o que é terrível é que, se vós fazeis bem a
alguém que sente instintivamente antipatia por vós, não só
não mudareis os seus sentimentos a vosso respeito, como vos
tornareis ainda mais insuportáveis para essa pessoa.
Talvez fiqueis admirados com esta afirmação, mas é assim. Se
alguém sentir antipatia por vós instintivamente, em vez de
reconhecer a vossa gentileza, a vossa bondade, irá atribuir-vos
más intenções, inventará propósitos suspeitos para os vossos
atos e procurará prejudicar-vos. Então, se puderdes,
afastai-vos um pouco para que a pessoa vos esqueça. Talvez até
agora ainda não tenhais experimentado este aspeto da psicologia
humana, mas ficai a saber que ele existe e estai atentos para
não terdes de sofrer por causa dele. Isso não deve impedir-vos
de continuar a fazer o bem, mas aprendei a estudar os seres que
vos rodeiam."

"Quaisquer que sejam as razões que impelem um homem ou uma mulher
a desesperar ao ponto de pôr fim aos seus dias, pode-se dizer
que a verdadeira explicação é esta: tal criatura não sabe que
o Criador pôs nela possibilidades incríveis para poder triunfar
em quaisquer condições da vida, possibilidades de comunicar com
os seres do mundo invisível, possibilidades de criar pelo
pensamento e de lançar as suas criações através do espaço.
Mesmo na maior solidão e na maior miséria, vós podeis não vos
sentir sós nem pobres, mas sim visitados, acompanhados e
preenchidos, porque sois habitados interiormente por um mundo
muito belo e pleno de sentido.
Os desesperados não têm qualquer ideia dos recursos, das
forças, que Deus depositou neles, pensam que a única saída que
têm é o suicídio. Mas o quer isso dizer? Que eles são seres
tão excecionais que não conseguem suportar as coisas feias do
mundo?... Não, do ponto de vista da Inteligência Cósmica, que
deu ao ser humano possibilidades para fazer face a todas as
provações, eles são ignorantes e fracos."

"Que lição é para nós a longa aventura do grão de trigo antes
de ele se tornar o pão que alimenta os homens! Ele é posto na
terra, na escuridão e no frio, e tem de morrer para dar
nascimento a um novo germe. Quando este germe sai da terra,
descobre o ar e a luz e torna-se uma bela espiga. Quando chega a
hora da colheita, as espigas são ceifadas e depois malhadas,
pois o grão deve ser separado da palha. E as suas provações
não terminam aí, pois o grão é levado ao moleiro para aí ser
moído e transformado em farinha. Um dia, o padeiro mistura a
farinha com água e amassa-a até ela se tornar uma pasta
uniforme; depois, dá à massa a forma de um pão, e surge então
a prova do fogo: o pão é posto no forno. Depois de bem cozido e
bem tostado, é posto numa mesa, onde é entregue aos dentes dos
humanos. E aí o grão de trigo fica feliz. Porquê? Porque serve de alimento.
Em que é que esta aventura do grão de trigo nos diz respeito?
Cada etapa da sua transformação tem o seu equivalente na nossa
vida interior. Todas as provações pelas quais nós passamos
servem para nos fazer crescer, amadurecer, “cozer”, até
chegarmos à mesa do Senhor para sermos “comidos” por Ele."

"O ser humano é construído de tal modo que abriga nele diversas
entidades; e se essas entidades podem ser anjos, o Espírito
Santo, o Cristo, infelizmente também podem ser espíritos
infernais. Cada vez que ele se deixa ir atrás de pensamentos,
sentimentos e atos egoístas, hostis, malfazejos, está a
preparar as condições para a vinda desses espíritos. E depois
é muito difícil afastá-los!
Vós direis: «Mas nós ouvimos dizer que a cruz de Jesus afasta
os demónios.» Na realidade, nenhuma cruz, de madeira, ferro ou
ouro, afastou alguma vez os demónios. A única cruz que pode
fazê-los fugir é a cruz viva que o próprio ser humano
representa, pois o ser humano é uma cruz: quando ele afasta os
braços, torna-se uma cruz no espaço, entra em relação com os
quatro pontos cardeais; e quando trabalhou durante muito tempo
para se purificar, para se santificar, é ele, pelas suas
emanações, que pode afastar tudo o que é negativo e tenebroso."