terça-feira, 2 de abril de 2013

ACABAR COM O SOFRIMENTO

Estrato do 3º capítulo «ACABAR COM O SOFRIMENTO» do livro «A CÉLULA DIVINA - Que contém a memória de Deus»

Quanto à teoria sobre o sofrimento referido anteriormente, sou apologista da doutrina do Buddha que ensinou ser o mesmo, o resultado da nossa mente e, deu ao mesmo tempo a solução para o seu termo, por uma constante superação moral, racional e espiritual. Usar a inteligência para investigar a razão do sofrimento e, pelo querer e pela compreensão, anular a causa desse mal é uma tarefa que compete a cada um, já que o sofrimento, somos nós que o criamos. De facto, quando se adquire uma certa capacidade de Inteligência – Consciência, percebe-se que o sofrimento resulta das limitações mentais e, que qualquer ser humano, o pode destruir pelo poder da superação.
Não obstante, o sofrimento humano, seja de que ordem for e, que por vezes, até achamos injusto num mundo que se requer ordenado e regido pelo poder divino, acaba por impulsionar ao amor compassivo e à abnegação pelos outros, gerando empatia entre os seres: evoca a generosidade, a boa vontade e a bondade. Paradoxalmente, através do sofrimento é que a humanidade aprende a atender às necessidades de si próprio e dos outros. Sem dúvida, que o sofrimento resulta das debilidades morais psíquicas e espirituais que se manifestam nesta vida, mas pode vir já de vidas anteriores, bem ocultas no subconsciente. O medo, a ansiedade e frustrações, em geral, dominam a mente e o coração, causando fraqueza psíquica e espiritual e o desgastante sofrimento. Um ser que se fortalece espiritualmente, destrói pela sublimação as ameaças ao bem-estar e, mesmo que essas causas existam, ultrapassando a própria defesa humana - como as catástrofes naturais e ainda outros aspectos que nos são alheios e susceptíveis de acontecer (karmas do passado) sem que possamos evitá-los - há uma estrutura mental e psíquica forte para se enfrentar as adversidades com uma atitude corajosa e serena.
Quando insistimos numa recordação memorizando-a constantemente, obrigamos o cérebro a activar as células e a produzir novas proteínas com efeitos potencialmente marcantes, para a memória(12). Principalmente, as memórias negativas, as que causaram infelicidade, ao serem repetidamente memorizadas enraízam-se, tornando-se difícil “limpar” o cérebro de recordações de sofrimento. Um natural antídoto contra o sofrimento, de certo é o altruísmo que dá sentido à vida, e contribui para o bem-estar próprio e dos outros, que até se reflecte em alterações positivas na estrutura química cerebral.
A memória em si, contém múltiplos aspectos que podem ser considerados em vários níveis. Há a memória que vai sendo codificada e retida, que é aquela que contribui para aumentar o conhecimento geral, resultante do ambiente que nos rodeia, bem como a percepção de si, do bem e do mal, etc. Elas vão sendo assimiladas por etapas, construindo uma memória estrutural de vida e, encadeando-se tão naturalmente, que fazem sentido como sequência do nosso saber. Outro nível de memórias, emocionais mas superficiais, são as que resultam dos acontecimentos diários, quer stressantes, quer benéficos, que se lhes dermos muita importância fixam-se no cérebro, preenchendo-o. E há ainda, um nível de memória que se armazena em momentos cruciais traumáticos; choques emocionais profundos que podem ficar retidos na memória durante anos, bloqueando a clareza mental. Estão, geralmente, relacionadas com o medo, a ansiedade, enfim, com todo o tipo de sofrimento. Na maioria dos casos, só com a maturidade ou a evolução espiritual consciente, se consegue ultrapassar os traumas emocionais bloqueadores e, todo o sofrimento que deixaram - descodificando a memória pela compreensão numa estrutura mental e psíquica fortalecida - acabando com tal evocação do sofrimento.
As emoções negativas que tanto fazem sofrer, podem ser sublimadas e superadas através duma prática de meditação. Não se trata de as reprimir, mas de as superar através do domínio mental para estabelecer a harmonia entre a inteligência e o coração e, assim, desenvolver maior capacidade psíquica para enfrentar com segurança os problemas, tanto internos, como externos. As emoções fazem parte da nossa inteligência e estão muito dependentes dos sentimentos, os quais devemos equilibrar com a razão. Os sentimentos negativos têm um papel preponderante no carácter, mas podem ser trabalhados no sentido de transmutação e, sobretudo, através da compreensão, dominar os medos, as frustrações, a raiva, a revolta e a traição. São estes sentimentos negativos que dão azo ao descontrolo das emoções e causam sofrimento. Quando os ânimos estão alterados, adulteram-se as características dos sentimentos positivos pelas discussões, acções violentas, insultos e agressões físicas, ficando a capacidade de inteligência comprometida. Com uma prática espiritual, estes sentimentos podem ser apaziguados, transformados nos seus aspectos positivos, pela confiança em si e nos outros. Descobrir a razão das frustrações e removê-las da mente e do coração, ajuda a aplacar a raiva e a revolta com valores de aceitação, pois nem tudo pode ser a nosso favor e, na resposta à traição usufruir da capacidade de encontrar em si mesmo, o perdão por si e pelos outros.
Dar atenção aos sentimentos tanto positivos como negativos contribui para desenvolver as faculdades mentais. A clareza mental (saber definir o que está a sentir), pode reparar sentimentos pela mudança nas emoções e dos quereres egoístas pela vontade altruísta, análise e auto remissão, ou seja: assumir a validade discriminatória de si mesmo.


capa do livro


Fonte: http://www.publicacoesmaitreya.pt/