sábado, 8 de junho de 2013

MESTRE OMRAAM MIKHAEL AIVANHOV

"Os humanos procuram sobretudo ter como amigos pessoas agradáveis
que lisonjeiam os seus gostos, os seus instintos. De alguém que
lhes diz como avançar, como se ultrapassar, eles procuram logo
fugir! No entanto, não existe melhor amigo do que um Mestre
espiritual, pois ele representa a cabeça que conhece a
direção. Evidentemente, essa cabeça não proporciona só
sensações agradáveis, mas o discípulo, por vezes, quando
está a sufocar ou a afogar-se, quando já não sabe “às
quantas anda”, decide finalmente recorrer a ela para respirar
um pouco e reencontrar o caminho... O que é triste é que isso
não dura e ele volta a atolar-se nos pântanos.
Então, o que deve fazer um Mestre?... Ele deu argumentos, deu
métodos, e, se os discípulos não os aceitam, será a vida a
encarregar-se de lhes dar lições. E ela fá-lo sem delicadezas,
à paulada! Pensando nisto, o Mestre fica triste, claro, mas o
que pode ele fazer? Ele sabe apenas que, vivo ou morto, é o
melhor amigo dos seus discípulos, um amigo como eles não
encontrarão outro. No dia em que os discípulos compreenderem
isso, nada nem ninguém poderá detê-los no seu caminho para a
luz e para a liberdade. "

"Quaisquer que sejam os obstáculos e as dificuldades, é sempre
possível avançar. Se se procurar bem, encontrar-se-á sempre um
sítio onde se pode pousar um pé e dar um passo, depois o outro
pé e dar mais um passo... E isto é verdadeiro sobretudo para a
vida psíquica, pois a Inteligência Cósmica decidiu assim: se
procurarmos bem, ela proporcionar-nos-á os meios para darmos
sempre mais um passo.
Podemos utilizar outra imagem e dizer que a Inteligência
Cósmica colocou aberturas por toda a parte e que, se se tiver
paciência e fé, procurando bem conseguir-se-á encontrá-las e
passar. Vós tendes a impressão de que tudo está fechado,
trancado?... Não, há sempre uma saída possível. Deveis olhar
em todas as direções, sem perder o equilíbrio nem a
esperança, sem fazer gestos desordenados: em breve vereis uma
porta abrir-se algures, ou talvez ela já estivesse aberta mas
ainda não a tínheis visto."

"Do passado basta tirar lições, é inútil ficar agarrado a ele,
há que pensar no futuro. Aqueles que se agarram ao passado não
avançam, ficam anquilosados. São as pessoas de idade que estão
sempre a voltar àquilo que fizeram quando eram jovens, pois não
conseguem projetar-se no futuro. No entanto, também existe um
futuro para elas, mas elas não pensam nisso e contam sempre as
mesmas histórias do tempo que passou. Isso é normal, de certo
modo, mas elas devem olhar para as crianças, que só falam
daquilo que farão mais tarde, e esforçar-se por imitá-las. Ser
uma criança quer dizer acabar com o passado. É o futuro que
conta. E todos nós devemos tornar-nos como as crianças.
Diz-se de certas pessoas idosas – e isso não é motivo de
alegria – que elas voltaram à infância. E porquê? Porque se
recusaram a ser verdadeiras crianças, para quem há sempre algo
de novo a descobrir, que se encantam com tudo. Aqueles que não
querem tornar-se voluntariamente crianças arriscam-se a, um dia,
tornar-se crianças à força: é o gatismo*.
* Termo usado em medicina para designar “uma pessoa com as
faculdades mentais diminuídas”."

"Deus acompanha os seres humanos, ao longo de toda a sua
história, com o seu amor, enviando-lhes seres que os ajudam a
evoluir. Quantos cristãos não há que se enganam crendo que,
depois de Jesus, Ele não enviou mais nenhum dos seus filhos, ou
que antes de Jesus o mundo estivera privado da verdadeira luz!
Deus nunca parou de enviar os seus filhos à terra e, se a Igreja
não quer reconhecê-los, tanto pior! Como ela não tem o poder
de O obrigar a seguir os seus pontos de vista, Ele continuará a
enviar profetas, Iniciados, grandes Mestres, que fazem o
sacrifício de renunciar às alegrias do Paraíso para descerem e
virem ajudar os humanos.
Como o seu amor é infinito, Deus continuará a revelar-se
através dos mais nobres e mais luminosos dos seus filhos. Como
podem os humanos não estar reconhecidos para com Ele?"

"A nossa passagem na terra só tem sentido se tudo aquilo que nós
fazemos estiver subordinado ao mundo do espírito e às suas
leis. Para nos impregnarmos das leis do mundo espiritual, temos
de consagrar todos os dias um certo tempo ao recolhimento, à
meditação, à oração. Muitos objetarão que é tempo perdido.
Eles que objetem!... Quando chegarem ao outro mundo, serão
obrigados a reconhecer que o tempo perdido é, pelo contrário,
aquele que eles passaram em atividades ditas proveitosas,
esquecendo que o mundo físico, o mundo material, deveria ter
sido para eles apenas um meio e não um fim.
Deveis considerar o mundo material como um terreno de exercício
para o vosso espírito. Se esquecerdes isto, estareis expostos a
infringir as leis divinas, Como já não sois dirigidos pelo
espírito, obedeceis a impulsos instintivos: o egoísmo, a
inveja, a agressividade, etc. Agis, pois, em detrimento dos
outros, e as vantagens que julgais obter, na realidade, são perdas."

"O cristal vem da terra. Como é que ela fez para fazer sair das
suas entranhas espessas e obscuras uma matéria tão límpida?...
É este mesmo trabalho que nós devemos conseguir fazer no nosso
coração para a transmutação dos nossos sentimentos e dos
nossos desejos egoístas. Como? Em primeiro lugar, pela
imaginação. Sendo a imaginação um poder, por que não
haveremos de servir-nos dele para fazer penetrar em nós a pureza
do cristal?
Vós direis que isso será só imaginação. Não, tudo o que
nós imaginamos pode tornar-se realidade, pois, quando tiverdes
sentido essa pureza, já não conseguireis suportar os
sentimentos e os desejos obscuros. Quando eles vos visitarem,
sereis imediatamente alertados e impelidos a reagir para os
substituir por sentimentos mais generosos, mais desinteressados,
que vos aliviarão. Então, imaginai que sois transparentes como
um cristal: pouco a pouco, os vossos corpos etérico, astral e
mental tornar-se-ão verdadeiramente transparentes e as correntes
celestes passarão através de vós como a luz passa através de
um prisma para se decompor em sete cores. "

"Na nossa mão, foi a linha da vida que apareceu primeiro, depois
a linha do coração e, finalmente, a da cabeça. A linha da vida
é como um rio; ela desce do monte de Vénus: o amor. A vida e o
amor... A vida que tem a sua origem no amor.
Vós conheceis o quadro de Botticelli “O nascimento de
Vénus”: ele representa uma magnífica mulher jovem, de pé
sobre uma concha flutuando no mar. Vénus, deusa do amor, sai das
águas, símbolo da vida. E assim como é a fonte, o amor, assim
será o rio, a vida. Se o amor é fraco, a vida também o será.
Mesmo que a linha da vida seja comprida, o leito do rio estará
vazio e seco. Por isso, se quereis ser vivos, amai!"

"Houve na História seres cuja ação e influência, em dado
momento, alteraram completamente a vida de milhões de outros
seres humanos. Mas, de facto, eles foram apenas os condutores de
acontecimentos que estavam a ser preparados há muito tempo e que
alguns talvez tenham intuído. Do mesmo modo, para aqueles que
são vítimas, um tremor de terra, por exemplo, é um fenómeno
que ocorre de um modo extremamente súbito, mas, na realidade,
ele é o resultado de longos processos que o antecederam e cujos
sinais prenunciadores teria sido possível perceber. Nada no
universo nasce de um momento para o outro, nada se realiza num
instante, tudo o que ocorre estava em marcha há muito tempo. O
nosso mundo não é o das causas, mas o das consequências.
E esta lei não rege só os acontecimentos que se dão na
sociedade ou na natureza; vemo-la agir também em nós. A saúde
e doença são precisamente aplicações dela. Alguém está de
boa saúde e um dia, bruscamente, é vítima de um ataque
cardíaco ou de um acidente cerebral. Ele diz: «Foi em tal dia
que eu fiquei doente.» Não, a doença declarou-se realmente
nesse dia, mas ela já estava a caminho há muito tempo."

"Seja o que for que digais a um anjo acerca dos sofrimentos
humanos, para ele isso será sempre algo abstrato, ele não
poderá compreender. Os anjos conhecem muitas coisas, mas ignoram
o que é o sofrimento.
Qual é a origem do sofrimento dos humanos? Na maior parte dos
casos, o facto de, nesta vida ou numa outra, eles terem
transgredido uma lei. A lei vem agir sobre quem a transgrediu.
Ora, para transgredir uma lei é preciso ter uma vontade própria
capaz de se opor à ordem divina. Acontece que os anjos não têm
esta vontade própria, eles estão exclusivamente ao serviço da
Divindade, nunca se opõem à sua vontade, identificam-se com
ela. É a grande diferença entre os anjos e os humanos, mas
também é esta diferença que os aproxima, pois os anjos
interessam-se pelos humanos, vêm visitá-los e, quando os veem
gemer, chorar, procuram ajudá-los. Mas não é por isso que eles
sentem os seus sofrimentos, exceto se, com a permissão divina,
descerem para se incarnar na terra."

"Toda a gente vos dirá que as qualidades são preferíveis aos
defeitos e as virtudes preferíveis aos vícios. Mas a verdade é
que as qualidades e as virtudes não têm, em si, valor absoluto.
Muitas pessoas possuem grandes qualidades, mas o que fazem com
elas? Nada. Ao passo que outras têm graves defeitos, mas estão
conscientes deles e querem melhorar-se; então, ao trabalharem
todos os dias para se modificar, elas tornam-se capazes de
realizar grandes coisas. Se elas não tivessem esses defeitos,
provavelmente não fariam nada. Sim, tem-se visto pessoas
realizarem grandes proezas à custa do trabalho que fazem para
superar os seus defeitos; ao passo que outras, satisfeitas com as
suas qualidades, deixam-se andar.
Pois bem, ficai a saber que o Céu não dá dois cêntimos por
aquilo que nós somos, ele só considera o que nós procuramos
realizar com aquilo que temos e aquilo que nos falta. A única
coisa que interessa para ele é o trabalho que fazemos sobre nós
mesmos para pôr, tanto os nossos defeitos como as nossas
qualidades, ao serviço de um alto ideal."

"Consoante os seus atos, os seus sentimentos e os seus
pensamentos, cada pessoa determina-se no sentido das trevas ou no
sentido da luz. É ela que se põe na situação de ser recebida
no Reino de Deus ou não. Ninguém pode decidir isso por ela.
Assim, ficai a saber que, se sentis que estais a desviar-vos do
bom caminho, só depende de vós entrar novamente nele.
E como é que entrais novamente no bom caminho? Pedindo aos
espíritos da luz que venham habitar em vós. Dizei-lhes: «Por
causa da minha ignorância, eu fui joguete de entidades
malfazejas e sinto-me atado de pés e mãos. Então, agora, ó
anjos e arcanjos, vinde vós instalar-vos em mim; tomai posse dos
meus pensamentos, dos meus sentimentos, dos meus atos, das minhas
palavras. Guiai-me, instruí-me, para que eu esteja inteiramente
ao vosso serviço.» É esta prece que as entidades celestes
aguardam para poderem vir ajudar-vos. Elas veem em vós um ser
desperto e cantam: «Uma alma nasceu para a luz. Através dela,
nós poderemos manifestar o nosso poder.» A verdadeira liberdade
consiste em tornar-se um instrumento nas mãos das entidades celestes."


"A passagem da vigília para o sono é um momento importante do
dia. Todas as noites, antes de vos deitardes, recolhei-vos por um
momento deixando de lado tudo o que vos preocupou ou perturbou ao
longo desse dia que acabais de viver. Pensai depois nos erros que
cometestes e pedi aos espíritos luminosos que vos inspirem,
durante o vosso sono, a melhor maneira de os reparar. Por fim, no
momento de adormecer, colocai-vos sob a proteção do Anjo da morte.
Anjo da morte é o nome que a Cabala dá ao anjo do sono, pois
todos as noites nós morremos e todas as manhãs ressuscitamos.
Adormecer, deixar o corpo, é uma viagem para a qual devemos
preparar-nos conscientemente no final de cada dia, a fim de
estarmos preparados para o momento em que deveremos realmente
partir para o outro mundo. Quem não sabe como adormecer também
não saberá morrer. Não existe qualquer diferença entre o sono
e a morte, exceto que, quando se morre, se deixa definitivamente
a casa que se habitava: o corpo físico. Por isso, é preciso
compreender a necessidade de se preparar todas as noites para o
sono como para uma viagem sagrada, a fim de se estar preparado,
um dia, para essa viagem tão mais decisiva."

"Há entidades benfeitoras que nos acompanham e estão atentas aos
nossos esforços. Quando elas veem que procuramos sinceramente
ajudar os outros, esclarecê-los, dar-lhes apoio, vêm
ajudar-nos, esclarecer-nos e apoiar-nos a nós próprios, para
que possamos perseverar na nossa tarefa.
Por vezes, podeis ter a impressão de que aquilo que fazeis não
serve para nada... Não é assim, pois, se isso não servir para
os outros, pelo menos servirá para vós. Ficai a saber que,
aquilo que fazeis pelos outros, as entidades celestes fá-lo-ão
também por vós. Se vos interessais pelos outros, elas
interessar-se-ão por vós. Se suportais as dificuldades que vêm
até vós da parte dos seres imperfeitos que vos rodeiam, se
desenvolveis a vossa paciência, essas entidades empenham-se em
ser pacientes convosco, em dar-vos apoio. Procurai fazer essa
experiência, em vez de vos queixardes e vos sentirdes infelizes."

"Vós estais tristes, acabrunhados, tendes a sensação de que
ninguém vos vê e pode vir em vosso auxílio... Estais
enganados: na realidade, há milhares de entidades presentes e
que velam por vós. Apelai à ajuda dessas entidades projetando
luz, isto é, a vossa fé, o vosso amor, a vossa esperança. Se
conseguis atrair a atenção dessas entidades, elas serão
capazes de abrir em vós portas, janelas, para aí fazerem entrar
a sua paz e a sua alegria. É tão fácil para elas
aperceberem-se de nós e dirigirem-se a nós para nos ajudarem!
Mesmo que elas estejam ocupadas em grandes trabalhos, as ondas
produzidas por uma oração fervorosa alertam-nas imediatamente.
Essas entidades não veem aqueles que se lamentam, que se deixam
invadir pela revolta, pelo ódio ou por qualquer outro sentimento
negativo, pois eles permanecem nas trevas, confundem-se com a
escuridão. Mas, se eles lançarem sinais luminosos para o Céu,
destacar-se-ão das trevas e serão imediatamente notados."

"Vós podeis compreender imensas coisas ao meditardes perante uma
rosa! Contemplai-a, ligai-vos ao seu espírito, falai-lhe como a
um ser vivo, pedi-lhe que torne a vossa alma semelhante a ela,
que a impregne com as suas quintessências para que ela se torne
também uma flor no jardim de Deus e possa ser motivo de regozijo
para as entidades celestes que gostam de vir à terra, pois as
entidades celestes regozijam-se quando descobrem flores – almas
puras e luminosas – por onde passam. E ocupam-se delas,
protegem-nas, para as tornarem ainda mais belas.
Que mistério continua a ser uma rosa! A sua cor é a do amor
espiritual; a sua forma, a expressão da harmonia perfeita; o seu
perfume, o da pureza. Mas quantos daqueles que têm roseiras no
seu jardim ou que ornamentam as suas casas com “bouquets”
têm realmente uma ideia do que as rosas representam? Por que é
que eles não procuram, através delas, o caminho do verdadeiro
amor, o amor que não aprisiona, o amor que liberta...?"

"Nunca se deve esquecer que o destino do ser humano é dos mais
gloriosos. Deus criou-o para que ele viva na harmonia, na luz,
para que ele manifeste o amor, a sabedoria, o poder.
Vós perguntareis: «Então, por que é que nos é tão difícil
atingir esse estado de perfeição a que estamos predestinados?»
Porque não sabeis rechaçar os inimigos interiores que procuram
arrastar-vos noutra direção. Esses inimigos são todas as más
inclinações pelas quais vos deixais arrastar, porque a vossa
consciência ainda não está desperta. Mas tomai bem em conta o
seguinte: esses inimigos sentem muito bem se vós tendes ou não
uma consciência clara da vossa predestinação. Então, quando
eles veem que vós sabeis qual é a direção a seguir e a
mantendes, porque sabeis que por aí há um objetivo a atingir,
pouco a pouco acabam por afastar-se..."

"Confunde-se muitas vezes fé e crença; no entanto, são duas
coisas diferentes. Um homem compra um bilhete da lotaria; ele
crê que vai ganhar a taluda e isso enche-o de alegria durante
algum tempo, até ao dia em que fica a saber que não ganhou
absolutamente nada. Isto é crença. Agora, observemos um
químico que quer realizar uma experiência: ele pega nos
elementos indicados e, doseando-os nas proporções convenientes,
crê que a experiência será bem-sucedida. E é isso que
acontece. Neste caso, já não é crença, mas fé.
A crença está baseada na ignorância das leis naturais. Ter uma
crença é desejar que o arbitrário reine na natureza. A fé,
pelo contrário, assenta num saber. É uma certeza que resulta de
um trabalho, de uma experiência. Assim, aquilo que nós
estudámos, experimentámos, verificámos, em incarnações
passadas impõe-se espontaneamente a nós nesta vida como uma fé
inabalável."