domingo, 2 de fevereiro de 2014

MESTRE OMRAAM MIKHAEL AIVANHOV

"Tal como alguém que, ao partir para uma longa caminhada, põe
provisões na sua mochila que lhe permitam restaurar as forças
durante o percurso, para percorrermos com firmeza os caminhos da
vida nós precisamos de transportar connosco alimentos – pão,
simbolicamente. Esse pão são os princípios da ciência espiritual.
A viagem que nós iniciámos há muito, muito tempo, não
terminará com a nossa vida atual, pois esta existência é só
uma etapa no caminho que todos os seres têm de percorrer depois
de terem saído do seio do Eterno. Teremos de atravessar muitas
regiões diferentes até regressarmos, um dia, à nossa
verdadeira pátria! Nós somos viajantes na terra, nunca devemos
esquecer isso, e ainda temos muito que caminhar. Por isso,
devemos pensar todos os dias em encher as nossas mochilas com
esse pão celeste que são as verdades da alma e do espírito, a
fim de podermos continuar a estudar, a trabalhar, a amar."

"«Bom ano, feliz ano!», é o que se ouve por toda a parte nos
primeiros dias do ano. Cada um, cheio de esperança, pensa que
tudo aquilo que deseja e ainda não conseguiu obter, talvez
agora... Mesmo para os que têm menos recursos, cada novo ano
traz uma esperança. No fundo de si mesmos, eles não têm muitas
ilusões, contudo desejam e esperam sempre alguma coisa.
Com cada novo ano, a esperança renasce: há sempre tendência
para pensar que alguma coisa vai mudar, que uma porta se vai
abrir. Vós direis: «E se nada melhora, se nenhuma porta se
abre?» Abrir-se-á pelo menos uma porta, se pensardes que vós
próprios tendes algo a fazer nesse sentido. Como? Projetai-vos
pelo pensamento em certas situações da vida quotidiana,
imaginai como ireis agir todos os dias com desapego, com
sabedoria, com amor. Trabalhando deste modo, já estareis a
preparar boas condições para o futuro. Se fordes sinceros,
perseverantes, influenciareis as forças da natureza e as
entidades luminosas do mundo invisível: elas virão contribuir
para a realização dos vossos melhores projetos."

"Por vezes, as palavras de um sábio têm em vós um tal eco que
vós pensais: «Mas eu já conheço tudo isto... já sabia...
tinha-o aprendido algures... como foi possível esquecê-lo?»
Vós esquecestes porque depois passastes por caminhos cujo pó
acabou por cobrir esse saber. Mas ele continua lá, encafuado,
adormecido, em vós, e é preciso que alguém venha despertá-lo.
Esse alguém dá umas pancadinhas na vossa porta, projeta alguns
raios de luz e então vêm à superfície recordações
milenares. Para alguns, essa subida dá-se muito rapidamente;
para outros, será preciso esperar muito mais tempo.
Nós devemos escutar a palavra dos sábios para recordarmos o que
já sabemos. Sim, os sábios falam-nos daquilo que já sabemos,
mas que ainda está adormecido nas profundezas do nosso ser. Esse
saber, foi o Criador que o inscreveu em nós desde o começo, e
as palavras dos sábios só despertam o eco dele."

"É importante construir a sua existência a partir de uma ideia
fundamental. Esta ideia será como um núcleo, um ponto central.
Depois, vários círculos poderão formar-se à volta, mas no
centro deve haver uma só ideia; é esta a condição para que a
vida ganhe verdadeiramente um sentido, uma coerência. Não é
proibido ter a cabeça cheia de ideias e projetos, mas só se
pode construir algo de sólido a partir de um ponto central.
Poucas pessoas se levantam de manhã com uma ideia fundamental
que guiará a sua atividade e o seu comportamento durante todo o
dia. A maior parte, desde que acordam, agitam-se interiormente em
todos os sentidos e, mesmo que desempenhem corretamente as suas
tarefas, alimentam em si um estado de dispersão que prejudica o
seu equilíbrio físico e psíquico. Elas devem decidir-se a
assentar a sua vida numa só ideia, e então, forças que elas
nem sequer conhecem mas que, contudo, estão presentes nelas, em
todas as células dos seus corpos, despertarão, associarão os
seus esforços, e elas sentir-se-ão guiadas, apoiadas em cada um
das suas atividades. A ideia que devemos pôr no centro da nossa
vida, eu resumi-la-ei numa só palavra, mas essa palavra pode
desenvolver-se infinitamente: luz."

"Estai atentos aos seres que vos rodeiam ou com quem vos
encontrais. Aprendei a considerá-los com um sentimento sagrado,
pois, para além das aparências, para além da forma do seu
corpo ou do seu rosto, há uma alma e um espírito que são filha
e filho de Deus. Se vos esforçardes por vos concentrar na sua
alma e no seu espírito, muitas criaturas que até então
negligenciastes, menosprezastes, parecer-vos-ão extremamente
preciosas. As entidades celestes que as enviaram à terra sob
esses disfarces consideram-nas como tesouros, como tabernáculos da Divindade.
Adquiri, pois, o hábito de não considerar unicamente a
aparência física dos seres, a sua situação social ou o seu
grau de instrução. Ao menos por um momento, pensai somente na
sua alma e no seu espírito. Tende em conta também que aqueles
que se passeiam aqui na terra como mendigos ou indigentes são
príncipes e princesas aos olhos de Deus, que os criou."

"Muitas inquietações e angústias sentidas pelos humanos advêm
de eles terem a sensação de que foram lançados no mundo como
num deserto onde se encontram sós, perdidos, sem ninguém para
responder às suas perguntas e aos seus pedidos. Na realidade,
não é assim, eles não estão sós e aperceber-se-ão disso no
dia em que tomarem consciência de que fazem parte de um todo, de
que esse todo é vivo e, porque ele é vivo, eles podem fazer
continuamente trocas com ele: se eles falam, há sempre algures
criaturas que os ouvem e lhes respondem.
Para tudo o que fazemos, dizemos ou pedimos, nós recebemos
respostas: confirmação ou refutação, aprovação ou
oposição. O mundo invisível está continuamente presente à
nossa volta. Ele olha-nos, escuta-nos e dá-nos sempre respostas.
A sua linguagem, muito diferente da nossa, não é fácil de
compreender. Mas ele responde-nos indiretamente, através de um
ser humano, de um animal, de um fenómeno da natureza, de um
odor, de um som...; provavelmente, estes ignoram que são
portadores de uma mensagem e cabe-nos a nós interpretá-la."

"Aquele que quer descobrir as riquezas e o sentido do mundo que o
rodeia deve começar por encontrar essas riquezas e esse sentido
em si mesmo. É uma lei. Seja o que for que se encontre
exteriormente, se ainda não se encontrou isso interiormente de
uma certa forma, passar-se-á ao lado sem o ver. Quanto mais
viverdes a beleza interiormente, mais a descobrireis ao vosso
redor. Muitos objetarão que isso não é possível: se eles não
a veem, é porque ela não está lá. Enganam-se, a beleza está
lá, sim, e se eles não a veem é porque ainda não
desenvolveram suficientemente alguns dos seus órgãos subtis de
perceção. Começai, pois, por procurar captar a beleza
interiormente e vê-la-eis também no exterior, pois o mundo
físico, objetivo, não passa de um reflexo do vosso mundo
interior, do vosso mundo subjetivo. Seja a beleza, o amor, a
sabedoria, a verdade... é quase inútil que os procureis no
exterior se não começastes por descobri-los em vós."

"Mesmo que tenhais todas as razões para estar infelizes ou
descontentes, agradecei. Ao pronunciardes a palavra
“obrigado”, é como se fizésseis jorrar da vossa alma uma
fonte de luz, de paz e de alegria. E esta fonte inunda todas as
vossas células. Pouco a pouco, sentis que algo em vós se
vivifica, se fortalece. “Obrigado” é a mais simples das
palavras, mas ela desfaz todas as tensões. Repeti-a várias
vezes, impregnando-vos bem do seu significado.
A partir do instante em que introduzis em vós um sentimento de
gratidão e o alimentais para o fazer crescer, ele não se limita
a existir passivamente. Esse sentimento possui determinadas
vibrações e, pela lei da afinidade, atrai pensamentos e
sensações que lhe correspondem. Virão até vós todas as
bênçãos simplesmente graças a esse impulso de gratidão.
«Obrigado, Senhor!», «Obrigado, meu Deus!»... É preciso que
estas palavras acabem por sair naturalmente de vós sem terdes de
fazer intervir a vossa vontade. Ao agradecerdes ao Criador, vós
saís do círculo estreito do vosso eu pessoal, limitado, para
entrardes na paz da consciência cósmica... Quando regressardes,
sentireis que se introduziram em vós elementos novos e muito preciosos."

"Depois de terdes começado a percorrer o caminho da luz,
esforçai-vos por nunca voltar atrás. E, para se voltar atrás,
o método mais seguro é estar vigilante nos mínimos atos da
vida quotidiana. É inútil conceber projetos nobres se eles não
forem sustentados, alimentados, todos os dias por uma boa atitude
interior e também por um bom comportamento exterior. Cada
pensamento, cada sentimento, cada ato, é importante. Vós deveis
compreender bem que a vossa existência é não só uma
continuidade, mas também uma totalidade em que cada elemento tem
ligações secretas com todos os outros; nenhum está isolado. A
vida quotidiana constitui a base sobre a qual vós constituís
todos os vossos grandes projetos. Quer o vosso destino passe pela
filosofia, pela arte, pela política, pela ciência ou pela
espiritualidade, não basta conseguirdes adquirir competências
nessas diferentes matérias, é toda a vossa vida que deve
alimentar a vossa vocação."

"Imensas pessoas reconhecem que algo nelas procura Deus e sofrem
por não conseguirem encontrá-l’O! Mas será que elas têm
ideia do que significa procurar Deus?
Deus é infinitamente grande e nós só conseguiremos
aproximar-nos d’Ele se começarmos por ocupar-nos do
infinitamente pequeno. E o que é este infinitamente pequeno? Uma
célula. O nosso corpo é feito de uma multidão de células e
cada uma delas é uma entidade viva, uma pequena alma com a sua
individualidade própria. Por isso, se quiserdes encontrar Deus,
em vez de partirdes à procura de uma imensidão na qual vos
perdereis, concentrai-vos nesse povo que habita em vós. É um
dos exercícios mais benéficos que podeis fazer. Dirigi a vossa
atenção para as vossas células todos os dias. Perguntai a vós
próprios como podeis purificá-las, fortalecê-las e
iluminá-las ainda mais com os vossos pensamentos, os vossos
sentimentos e os vossos atos. Pouco a pouco, sentireis que
começais a contactar a Divindade, que é, ela própria, 
pureza, força, luz."

"É este equilíbrio que todos deveriam conseguir encontrar: como
viver no mundo, ter relações com ele, trabalhar nele, mas dando
primazia ao essencial: a alma e o espírito. Evidentemente, este
ajustamento é difícil e cada caso é um caso.
Claro que todos os seres humanos têm fundamentalmente a mesma
natureza, todos têm necessidades físicas e necessidades
espirituais (mesmo que destas muitos não tenham consciência),
mas o seu temperamento não é o mesmo, a sua vocação nesta
existência não é a mesma e cada um deve encontrar
individualmente o seu equilíbrio. Aquele que se sente impelido a
constituir família não pode resolver esta questão como aquele
que prefere ficar solteiro. Alguém que precisa de muita
atividade física não pode levar a mesma vida que alguém que
tem um temperamento meditativo, contemplativo. O essencial é que
cada um seja capaz de se analisar bem para conhecer as suas
tendências profundas. E, quando as conhecer, deve esforçar-se
por equilibrar na sua vida o material com o espiritual."

"Todos os dias vós sois confrontados com novas situações, novos
problemas. Da parte da família, do trabalho, daqueles que vos
rodeiam, estão sempre a surgir-vos obrigações, esforços a
fazer, tarefas a realizar. Quaisquer que sejam essas tarefas,
procurai cumpri-las o melhor possível. Se as descurardes com o
pretexto de que as achais fastidiosas ou indignas de vós,
atrasais a vossa evolução, e tomai bem consciência de que, em
todo o caso, sereis obrigados a voltar a elas, mais cedo ou mais
tarde, para as assumir até ao fim.
Aquele que julga que pode escapar às suas obrigações para
viver uma vida mais fácil, mais agradável, não conhece as leis
severas que regem o destino. Há tantos homens e mulheres a
debater-se com tantas dificuldades precisamente porque têm de
terminar um trabalho que interromperam ou então recomeçá-lo
porque o executaram mal anteriormente. Se procurarem escapar a
ele de novo, quando voltarem essas tarefas serão ainda mais
pesadas. Direis que há casos em que a vossa situação se torna
insustentável. Então, ide respirar algures por algum tempo e
depois voltai para a enfrentar."

"Obter aquilo que desejais depende do vosso amor. É ele que cria
o vosso futuro, pois o destino de cada ser é determinado pela
qualidade do amor que ele tem na sua alma. Só um amor puro, não
interesseiro, um amor por aquilo que é grandioso e belo, o leva
a encontrar outros seres e a viver acontecimentos que
corresponderão às suas expectativas.
Que conclusão há a tirar desta verdade? Que, se aspirais a uma
vida nova, a uma vida de beleza, de paz, de luz, não deveis
limitar-vos a fazer umas pequenas mudanças nas vossas diferentes
atividades, como beber água em vez de vinho, comer legumes em
vez de presuntos ou frangos assados, ler alguns livros de
espiritualidade e escutar uns sermões em vez de ir dançar, etc.
Enquanto não procurardes elevar o vosso amor, isto é, focalizar
o vosso coração nos objetivos mais nobres, mais espirituais,
por mais que mudeis tudo o que quiserdes fora disso, encontrareis
as mesmas dificuldades, os mesmos sofrimentos. Fala-se do poder
do amor... Pois bem, esse poder reside no seguinte: é com aquilo
que amais e o modo como o amais que criais o vosso futuro."
 
"Há entidades invisíveis que acompanham o ser humano ao longo de
toda a sua vida. As entidades luminosas preparam-lhe o caminho
por toda a parte onde ele deve ir, ao passo que as entidades
tenebrosas, que procuram opor-se a tudo o que ele quer realizar
de útil, de construtivo, impelem-no para caminhos sem saída.
Cabe-lhe a ele, pois, encontrar maneiras de se conciliar com umas
e afastar as outras para poder avançar livremente.
Quando um rei se desloca, é precedido por servidores que
preparam a sua vinda: quando ele chega, está tudo pronto para o
acolher, porque ele é um rei. Mas consideremos agora um mendigo:
ninguém lhe presta atenção ou, se for notado, pode ser que o
afastem ou até que ele seja vítima de agressões por parte de
pessoas malfazejas. Na sua vida interior, cada um pode ser um rei
ou um mendigo. Se é um rei, as portas abrem-se diante dele, há
entidades luminosas que vêm saudá-lo e oferecer-lhe presentes,
ao passo que um mendigo (isto é, um ser pobre em virtudes) será
presa de entidades hostis. O segredo da verdadeira vida é, pois,
procurar tornar-se rei de si mesmo, isto é, tornar-se senhor dos
seus pensamentos, dos seus sentimentos e dos seus atos. No dia em
que vos tiverdes tornado realmente o senhor do vosso reino, no
invisível sereis sempre precedidos por seres que prepararão
para vós as melhores condições e se porão ao vosso serviço."

"Antes de decidirdes servir um ideal, vós sois livres de fazer o
que vos apetece, mas, depois de tomardes essa decisão, já não
sois, estais comprometidos: desencadeastes um movimento e é
suposto que permaneçais fiéis ao vosso compromisso. Sabendo
isso, alguns pensarão que é preferível não se comprometerem
para preservarem a sua independência... Têm esse direito. Mas a
independência tal como eles a compreendem trar-lhes-á
inevitavelmente deceções, provações, e aí é que eles se
sentirão verdadeiramente atados de pés e mãos.
Outros dirão que a ideia de servir um ideal os enche de
entusiasmo, mas que sabem que são fracos e receiam cair pelo
caminho. Eu responder-lhes-ei que as quedas não são assim tão
graves: eles levantar-se-ão, procurarão entender por que
caíram e depois, fortalecidos por essa experiência, na próxima
vez saberão melhor como vencer as suas fraquezas. Desde que se
permaneça no bom caminho, mesmo que se caia, chega um dia em que
se alcança o objetivo. Imaginai que precisais de atravessar uma
floresta muito densa e emaranhada para ir ter com uns amigos:
certamente ireis tropeçar de vez em quando, mas, se tiverdes uma
bússola para manter a direção, acabareis por encontrá-los. É
preferível tropeçar para chegar ao objetivo do que não fazer
nada com o pretexto de que se conhece as suas limitações." 

"O espiritualista terá sempre uma vantagem em relação ao
materialista. Quereis saber qual? É muito simples e basta uma
imagem para a compreender: o espiritualista transporta consigo
para toda a parte a sua casa e todas as riquezas que ela contém.
Sim, o espiritualista, para quem as verdadeiras riquezas são
interiores, leva sempre consigo os seus tesouros para toda a
parte, eles nunca lhe faltam e ele descobre uma fonte
inesgotável de alegria. O materialista, pelo contrário, não
pode andar por aí com tudo o que possui, tem de deixar a maior
parte algures e, mesmo que seja muito rico, 
pode acontecer-lhe ficar sem nada.
Na realidade, um ser humano só é rico na medida em que tem
consciência de o ser. Se o espiritualista não estiver
verdadeiramente consciente das suas riquezas, é mais pobre do
que todos os materialistas. Mas, se ele aprender a alargar a sua
consciência, sente-se em contacto com todos os espíritos
luminosos do universo, que lhe dão a sua ciência, o seu amor, a
sua alegria. E, então, que materialista pode comparar-se a ele?
Mesmo as pedras preciosas e os diamantes são ofuscados pelo
brilho de todos os tesouros da sua alma."

 "Quereis estar vivos? Conservai durante o máximo tempo possível
a necessidade de progredir. Há ainda tantas forças adormecidas
em vós à espera de serem despertadas! Por que as deixais estar
a dormir? Veem-se por aí pessoas que têm apenas cinquenta ou
sessenta anos, ou ainda menos, e já parecem mortas e enterradas.
Sim, até já se vê a pedra tumular a cobri-las e na qual está
inscrito: «Aqui jaz fulano de tal.» Porquê?...
Mesmo que o cansaço venha, mesmo que a velhice se aproxime, é
preciso pensar que há sempre progressos a fazer, algo a
compreender, a empreender, e nunca aceitar o torpor, a
estagnação. Mesmo paralisado, mesmo moribundo, há ainda alguma
coisa a fazer... nem que seja agradecer ao Céu. Sim, agradecer
ao Céu, a fim de entrar vivo no além."

"Na presença de certos seres, vendo a expressão do seu rosto, o
seu olhar, sentindo tudo o que emana deles, imediatamente se
impõe a nós a palavra “luz”. Como se eles fossem capazes de
destilar no seu coração, na sua alma, uma matéria
imponderável, e depois projetá-la sob a forma de luz. Ou como
se eles tivessem captado algo da luz difundida no espaço e a
tivessem condensado neles. Todo o seu corpo parece feito de uma
substância translúcida no interior da qual arde uma chama. Para
muitos, esta luz permanece um grande mistério, porque não sabem
que ela é o resultado de processos muito reais da vida interior:
o sábio, o Iniciado, obteve-a por um trabalho de todos os
instantes. De cada pensamento, de cada desejo, de cada sentimento
e de cada ato que consegue tornar mais desinteressado, mais
generoso, mais puro, ele retira uma quantidade infinitesimal de luz.
Está escrito nos livros sagrados que a alma humana tem o poder
de revolver os céus. Sim, a alma humana pode revolver os céus,
mas só pelo seu desejo de obter a luz. Se ela insistir, exigir,
suplicar, o próprio Deus, que é luz, não pode recusar-lha."