sábado, 23 de maio de 2015

A VIDA É FEITA DE TROCAS

Ensinamentos deixados pelo Mestre Omraam Mikhaël Aïvanhov

FASCÍCULO Nº. 4 - 9º. Capítulo  

NUTRIÇÃO: A TRANSFORMAÇÃO DA MATÉRIA

 

O homem come, todas as criaturas comem, mas porquê? Direis que é para receberem forças. Sim, mas não existe outra razão? Tudo o que fazemos não tem só uma razão, só um propósito, e se nós comemos não é apenas para termos vida e saúde…
 

Reparai: o que fazem as minhocas? Elas engolem a terra e depois expelem-na. Fazendo-a passar assim através de si, as minhocas trabalham a terra a fim de a arejar, de a tornar mais rica, mais fértil. Ora bem, o ser humano não faz outra coisa com a alimentação. Pelas suas faculdades psíquicas, espirituais, o homem pertence a um grau de evolução muito superior ao da matéria que absorve, e então, passando através dele, a matéria enriquece-se, refina-se.
 

Todas as criaturas se alimentam – as plantas, os animais, os homens – e, ao alimentarem-se, transformam a matéria que absorvem impregnando-a com elementos que ela não possuía. Como se fosse um dever para cada reino da natureza absorver matéria de reinos inferiores a fim de a fazer evoluir. A Inteligência Cósmica poderia, sem dúvida, ter encontrado outros meios, mas foi este que ela escolheu: decidiu que, para viver, cada criatura absorveria matéria do reino que lhe é inferior a fim de a fazer passar pelo reino superior. É isso que nós fazemos quando comemos.
 

Na realidade, a questão não está somente em fazer passar a matéria através do nosso estômago, mas também através dos nossos pulmões, do nosso coração, do nosso cérebro. Não é só ao comer que o homem pode melhor a matéria, mas através de todas as suas ações: quando respira, quando trabalha, quando fala, quando olha… Estais a ver até onde vai a tarefa do homem? E por isso, após a sua morte, quando a matéria do seu corpo se desintegra e volta aos quatro elementos – a terra, a água, o ar e o fogo –, as partículas que a constituem ficaram mais vivas, mais subtis, mais expressivas, e vão servir para outras formas, outras criações, de uma qualidade superior.
 

Evidentemente, pode acontecer que, pelo contrário, estas partículas estejam aviltadas por causa da existência animal ou criminosa que o homem viveu e, por isso, elas só serão utilizadas para criações grosseiras.
 

Tomai consciência de até onde vai a responsabilidade do homem. Ele é responsável inclusive por aquilo que deixa de si mesmo após a sua morte, por todas as partículas do seu corpo: impregnou-as de luz, de amor, de bondade, de pureza ou, pelo contrário, de vibrações criminosas?… Sim, ele continua a ser responsável mesmo depois da morte. Eis verdades que a maioria das pessoas ignora, elas não sabem até onde vai a sua responsabilidade. Aliás, a consciência da responsabilidade é a consciência mais elevada que existe.
 

O homem precisa de compreender que recebeu esta missão grandiosa de transformar e sublimar a matéria da criação: ele tem de melhorar, embelezar, tudo o que come, tudo o que toca, tudo o que vê. É essa a nossa tarefa: fazermos passar a matéria através de nós para que ela saia divina. Enquanto não compreendermos isto, tudo o que fazemos é estúpido, insensato, a nossa própria existência não tem qualquer sentido. Nós temos a tarefa de apor o selo do espírito na matéria, de espiritualizar tudo, de divinizar tudo, e se conseguirmos fazê-lo seremos reconhecidos, apreciados, escolhidos pelos espíritos luminosos, que ficam junto de nós, porque compreendemos o sentido da vida.
 

Quando fazemos esforços para avançarmos, para nos superarmos, para criarmos qualquer coisa que é mais do que nós próprios, imprimimos à matéria o selo do espírito, e assim cumprimos a nossa tarefa de filhos de Deus.

 

RESPIRAR A VIDA DIVINA

 

Tal como a ato de comer, o ato de respirar põe-nos em contacto com a vida universal. Mas, para que esta relação seja completa, rica, devemos estar conscientes dela e acompanhá-la com um trabalho do pensamento.
 

Podeis fazer este exercício: ao expirar o ar, pensai que começais a dilatar-vos até tocar os confins do universo… Depois, ao inspirar, regressais a vós, ao vosso eu, que é como que um ponto impercetível, o centro de um círculo infinito… Dilatais-vos novamente e voltais a contrair-vos…
 

Descobrireis assim este movimento de fluxo e refluxo que é a chave de todos os ritmos do universo. Ao procurardes tornar este movimento consciente em vós próprios, entrais na harmonia cósmica e dá-se uma troca entre o universo e vós, porque ao inspirar vós recebeis elementos do espaço e ao expirar projetais de volta qualquer coisa do vosso coração e da vossa alma. Aqueles que sabem harmonizar-se com a respiração cósmica entram na consciência divina.
 

Mas quantos de vós estão preparados para compreender a dimensão espiritual da respiração? Se sentísseis essa dimensão, faríeis durante toda a vida este trabalho de inspirar a força e a luz de Deus e depois dar esta luz ao mundo inteiro, pois a expiração é também isso: distribuir a luz que se captou junto de Deus.
 

Inspirar, expirar… inspirar, expirar… É preciso saber que a respiração diz respeito a todas as manifestações da vida espiritual. A meditação é uma respiração, a oração é uma respiração, o êxtase é uma respiração, toda a comunicação com o Céu é uma respiração.
 

Aquele que aprende a respirar conscientemente ilumina o seu intelecto, aquece o seu coração e fortifica a sua vontade, mas também prepara melhores condições para as suas reincarnações futuras, porque, ao respirar com uma consciência desperta, ele entra em harmonia com as entidades mais evoluídas, atrai-as, cria uma ligação com elas. Então, estas inteligências luminosas aceitam vir trabalhar nele e, um dia, quando ele deixar a terra, encontrará nos outros mundos esses amigos com os quais já terá aprendido a trabalhar.
 

E nunca esqueçais que o vosso organismo forma uma sociedade cujos membros se esforçam por manter a unidade; por enquanto, ainda não conheceis esses associados que vivem dentro de vós, mas no dia em que fordes para o outro mundo encontrá-los-eis e sabereis que se trata de amigos que habitavam na vossa casa.


Fonte: http://www.publicacoesmaitreya.pt/