domingo, 6 de dezembro de 2015

MESTRE OMRAAM MIKHAEL AIVANHOV


"Habituai-vos a virar o vosso pensamento para os Anjos, os Arcanjos e todas as hierarquias angélicas, impregnai-vos das suas virtudes, e deste modo vivificar-vos-eis, impregnar-vos-eis de luz e enriquecereis o vosso mundo interior. Mas procurai, ao mesmo tempo, permanecer modestos, sabendo que muitas dessas entidades continuarão ainda por muito tempo longe do vosso alcance. Começai por tentar ligar-vos aos santos, aos grandes Mestres cuja missão é ocuparem-se dos humanos. Podereis depois procurar alcançar os Anjos, pois os Anjos são os que estão mais próximos dos homens, e mesmo tentar alcançar os Arcanjos, mas não conseguireis ir mais além.
Há inúmeros mundos no espaço infinito e as hierarquias superiores não se relacionam com os humanos. É bom conhecerdes a existência dessas hierarquias superiores, podeis até invocá-las, mas sabendo que, para obter resultados pela oração, pela meditação, deveis dirigir-vos a entidades mais próximas de nós."

"Quando morre um ser querido, um familiar, um amigo, é natural sentir necessidade de ficar ligado a recordações: objetos, cartas, fotos... Mas isso não é suficiente para preservar a sua presença, pois a presença de um ser não está nos objetos, está no seu espírito. E enquanto se ficar a girar à volta de alguns objetos, a olhar para fotografias, não se trata de espírito, mas de matéria.
Quanto a ir recolher-se junto de uma campa, isso também é natural. Mas o que está na campa é o corpo, não o espírito. O espírito necessita de liberdade e faz esforços para se libertar do corpo e viajar na imensidão, que é a sua verdadeira pátria. Se se sofre e se chora sobre uma campa, como se a pessoa que lá está deitada no caixão fosse ali ficar eternamente, limita-se e perturba-se o seu espírito, que só deseja libertar-se. Não se restabelece contacto com um ser querido chorando por ele. Se quereis realmente reencontrá-lo, esforçai-vos por ir procurá-lo lá onde ele se encontra, muito longe, muito alto, na luz."

"Os humanos procuram os poderes, a riqueza, os conhecimentos, o amor... Mas, na realidade, é a vida que eles deveriam procurar. Perguntais vós: «E procurar a vida porquê? Nós já a temos, estamos vivos. O que devemos procurar é aquilo que não temos.» É verdade que vós estais vivos, mas a vida não é idêntica em todos os seres, a vida tem graus. Não basta viver, há que questionar-se sobre o tipo de vida que se vive.
Pela sua conformação física, o ser humano vive a vida de um humano, é claro, mas interiormente a sua vida pode assumir formas e cores de uma diversidade infinita: de uma pedra, de uma planta, de um animal... ou de um anjo, de um arcanjo, de uma divindade... Quando Jesus dizia: «Eu vim para que eles tenham a vida e a tenham em abundância», esta vida que ele queria trazer a todos os humanos é a vida divina, a corrente que jorra pura e límpida da Nascente original."

"Nada daquilo que possuímos nem nenhum dos seres de quem gostamos e a quem estamos ligados nos pertence verdadeira e definitivamente. Corremos o risco de os perder a qualquer momento e, quando os perdemos, somos obrigados a apelar a todas as forças em nós que nos ajudarão a suportar essa perda. Tais forças encontram-se na fé, no amor desinteressado, na humildade, no sacrifício, e devemos despertá-las em nós conscientemente para o dia em que necessitarmos realmente delas.
Quando tudo corre bem aos humanos, é difícil convencê-los de que deveriam concentrar-se no essencial para se aguentarem quando vierem as provações, pois elas virão seguramente, ninguém na terra é poupado. Então, porquê esperar até estar na miséria, com doenças e infelicidades, para apelar às forças do espírito? Se já estiverdes preparados, não só superareis as provações, como saireis delas reforçados. "

"Há tantas histórias de amor que acabam mal! No entanto, de cada vez que um homem e uma mulher recomeçam a amar têm a esperança de que, dessa vez, será para sempre, de que encontraram por fim a sua alma gémea... Mas então por que é que não é isso que acontece? Porque eles não conhecem todos os elementos que entram em jogo no momento em que se encontram. Eles descobrem que têm certas afinidades e acham que isso é suficiente. Ignoram que essa atração que os impele um para o outro não é uma necessidade superficial, fácil de satisfazer, mas a manifestação de um fenómeno cósmico que diz respeito, em primeiro lugar, à alma e ao espírito.
Por isso, antes de se realizar no plano físico, a união de um homem com uma mulher deve primeiro realizar-se no alto, no mundo divino, no mundo da luz. Esta união no alto é a condição a preencher para que a sua união em baixo seja sólida, duradoura, e produza criações da maior beleza."

"Certos exercícios muito simples de concentração, de autodomínio, podem, se lhes dedicardes pelo menos alguns minutos por dia, trazer-vos grandes benefícios. Mas muitos de vós afirmam que não têm tempo! Pois bem, como não têm tempo para estar em paz, em harmonia, na luz, terão sempre tempo para estar com perturbações, com desordens e nas trevas.
Se há coisa que acontece de certeza na vida é estar infeliz, triste, desiludido, sem ânimo; e o que é menos certo é estar feliz, forte, sereno. Porquê? Por causa desta afirmação que todos fazem: «Não tenho tempo!». Eis uma maneira cómoda de justificar a sua preguiça, a sua inércia. Não há tempo para estudar, para orar, para fazer exercícios. E o que é que ocupa assim tanto essas pessoas que não têm tempo para dedicar ao seu equilíbrio psíquico, à sua elevação espiritual? Muitas vezes, apenas futilidades. Dizer que não têm tempo talvez as justifique perante os cegos e os ignorantes, mas nunca perante o Céu. "

"Na tradição cabalística, as letras e os sons representam os elementos de que Deus se serviu para criar o mundo. Existe, assim, uma espécie de alfabeto cósmico, cujas letras são simbolizadas pelas vinte e duas letras do alfabeto hebraico. Estas letras sustêm-se umas às outras no universo. Aquele que sabe associá-las, ajustá-las, para formar palavras, frases, poemas, é um verdadeiro escriba.
O escriba, no sentido iniciático do termo, é aquele que sabe transpor os elementos da língua, as letras do alfabeto, para todos os domínios da vida e em particular para si mesmo; ele esforça-se por reunir e ordenar esses elementos para que daí resulte uma “palavra” bela e harmoniosa. E é isso o mais difícil. Quando surge a desordem no homem, é porque as “palavras” estão mal colocadas; ele misturou-as sem ciência, sem sabedoria. Deve, pois, recomeçar para aprender a ordem correta das palavras."

"Quereis tornar-vos mais vivos? Quereis que a vossa vida se torne mais intensa nas suas vibrações, nas suas emanações? Entre os milhares de conselhos que eu posso dar-vos, fixai pelo menos um. Tomai consciência de toda a vida que existe em torno de vós e respeitai-a como uma manifestação da Divindade.
Se os humanos começassem por respeitar esta vida no seu próximo, já seria um grande progresso. Ora, na maior parte das situações, dir-se-ia que eles circulam entre sombras ou autómatos. Acotovelam-se, tentam servir-se uns dos outros como se não fossem mais do que objetos ou instrumentos. E, se sentem alguém como um incómodo, tentam afastá-lo ou eliminá-lo. Mas que vida esperam eles ter com um tal comportamento? Perante cada pessoa que encontram, eles devem dizer: «Eis uma criatura que é, como eu, um recetáculo da vida divina. Então, vou respeitá-la, vou protegê-la.» É assim que também eles se tornarão mais vivos. "

"É importante compreender o significado da dor física: ela avisa-nos de que estamos afastados do bom caminho. Se não sofrêssemos, iríamos direitos à sepultura. Nada é mais perigoso do que uma doença que se instala no organismo sem dar o mínimo sinal de alarme, pois, muitas vezes, no dia em que a dor aparece e nos alerta, os estragos já são irreparáveis.
Por isso, assim que sentis uma dor, antes de começardes logo a tomar medicamentos para ela passar, começai por procurar a sua causa, tentai compreender que imprudências ou negligências cometestes. Depois, podereis utilizar todos os remédios necessários, mas primeiro questionai-vos sobre a causa do mal. Se não tiverdes em conta estes avisos que a dor vos faz, o mal que deixareis instalar-se em vós será cada vez mais difícil de combater."

"É inútil aspirar a grandes realizações espirituais enquanto não conseguirdes interromper o curso ruidoso e desordenado dos vossos pensamentos e dos vossos sentimentos. Esses pensamentos e esses sentimentos que não controlais é que impedem que se estabeleça em vós o verdadeiro silêncio, um silêncio que restabelece, apazigua, harmoniza...
Aquele que consegue realizar este silêncio transmite impercetivelmente um ritmo, uma graça, a tudo o que faz. Ele desloca-se, toca em objetos, trabalha e, em vez de provocar um grande reboliço, torna-se mais atento, mais delicado, como se tudo nele fosse só dança e música. Esse movimento harmonioso que se transmite a todas as células do seu organismo é benéfico para ele e também age beneficamente sobre todos os seres que o rodeiam. Junto dele, esses seres sentem-se livres, aliviados, libertos, esclarecidos, e depois procuram esforçar-se por viver de novo essas sensações."

"A magia é a ciência e a prática das influências. Se um objeto ou um ser exerce sobre o mundo ambiente uma influência favorável, diz-se que isso é magia branca; e se ele perturba, desorganiza, destrói, diz-se que é magia negra. Neste sentido, podemos considerar que tudo é magia: os gestos, as palavras, os olhares, os sons, as cores, as formas geométricas... E passa-se o mesmo relativamente aos animais, às plantas, aos minerais: na medida em que eles agem sobre os seres, os atraem ou os repelem, os curam ou os tornam doentes, eles possuem um poder mágico.
Quando nós olhamos o sol, as estrelas, as montanhas, os lagos, sentimos que eles agem sobre nós e nos influenciam. E também nós, de certo modo, os influenciamos. No universo, tudo é magia, porque tudo são influências recíprocas. Quando tiverdes compreendido isso e vos exercitardes a pensar, a sentir e a agir de um modo construtivo, harmonioso, tornar-vos-eis um mago branco."

"Tal como os sábios que se isolam nos desertos, nas grutas ou nas montanhas para aí encontrarem o silêncio e a paz, os espíritos da natureza vão refugiar-se em lugares que os humanos ainda não perturbaram nem sujaram. Na maior parte das mitologias, a montanha é apresentada como a morada dos deuses. Podemos considerar isso como um símbolo, pois a imagem do cume está sempre associada ao mundo divino. Mas é também uma realidade. Os cumes das montanhas são como antenas graças às quais a terra está em relação com o céu; é por isso, por estarem protegidas das agitações e das desordens dos humanos, que elas são habitadas por entidades muito puras e muito poderosas.
Do mesmo modo, quanto mais nos elevamos aos altos cumes das montanhas espirituais, mais encontramos em nós o silêncio. Nesse silêncio, descobrimos a origem das coisas, unimo-nos à Causa primordial, entramos no oceano da luz divina."

"Um agricultor possui diferentes sementes, semeia-as e, sem receio de se enganar, pode dizer: aqui nascerão alfaces, ali rabanetes, etc... E é isso que acontece, pois trata-se de um saber assente no estudo e na experiência. Ora, nas suas crenças, muitas pessoas são como agricultores que esperariam colher sem ter semeado nada, ou que poriam na terra sementes de cenouras pensando que ali iriam crescer pimentos. Eles esperam coisas irrealizáveis, porque não têm saber nem experiência.
Não há que ter ilusões: colhe-se aquilo que se semeou. Se se encontra insucessos em vez dos sucessos que se esperava, é porque não se semeou nada ou não se soube semear as sementes certas. Isto verifica-se em todos os domínios, mesmo no da vida espiritual. Por que pensais que, como relatam os Evangelhos, Jesus usou várias vezes a imagem do semeador?"

"Nunca se deve escolher um caminho por causa das provações que se encontrará nele, imaginando que assim se suscitará a admiração dos outros e a aprovação do Céu. Na Bulgária, temos um provérbio que refere que um santo demasiado zeloso é antipático até aos olhos do Senhor. Sim, pois um tal zelo é suspeito.
Existem seres que, por temperamento, são impelidos a sacrificar-se por causas nobres. É o seu ideal de generosidade, de desapego, que os impele, quase independentemente da sua vontade, para essa via difícil. E é esse mesmo ideal que lhes permite nunca perderem a coragem e permanecerem humildes e cheios de amor, seja qual for a grandeza e a nobreza dos atos que realizam. Ora, há que reconhecer que tais seres são muito raros. Por isso, atenção aos fanáticos que procuram a glória do martírio em propósitos insensatos! É melhor eles não imaginarem que serão recebidos de braços abertos no Céu!"

"Vós dizeis que orais, que meditais, mas será que sabeis realmente em que consiste o trabalho do pensamento?... Em nós e à nossa volta existe uma matéria subtil mas não organizada, uma matéria que ainda não recebeu formas. É sobre essa matéria que o nosso pensamento tem poderes e, por isso, compete-nos tomá-la como uma espécie de massa para modelarmos e trabalharmos sobre ela, a fim de nos tornarmos criadores no mundo da beleza, da harmonia e da luz.
Tudo aquilo que fazemos, criamos e construímos no mundo material é importante, evidentemente; mas infinitamente mais importantes são as nossas criações psíquicas, e é em relação a essas criações, que são também entidades vivas, que nós seremos julgados pelo Céu. Há muitos seres humanos que, por não controlarem o seu pensamento, povoam o espaço com entidades malfazejas que vão por toda a parte propagar a discórdia e o caos! O discípulo, pelo contrário, consciente dos poderes do seu pensamento, procura criar somente entidades que levarão a toda a parte a paz, a luz e o amor."

"Como cada acontecimento é consequência de um acontecimento anterior, é impossível interpretar corretamente o presente se não se lançar um olhar sobre o passado. Mas devemos saber que podemos trabalhar sobre este presente, que é consequência do passado, para que o futuro seja melhor, mais belo, mais luminoso. Portanto, para compreendermos bem o presente dos seres, devemos considerá-lo não só como a consequência de um passado longínquo, mas também como o ponto de partida para uma nova existência.
Quem estuda uma vida humana sem ter em conta o facto de que ela está ligada a vidas passadas e a vidas futuras não pode apreciá-la com exatidão. Perante certas existências, é impossível não pensar: «Que desperdício!» Mas é preciso ter em conta que esta existência é só um elo de uma longa cadeia e que os elos seguintes podem ser melhorados."

"Por que é que tantos seres notáveis suscitam inimizades terríveis? Porque as forças obscuras que eles expulsaram do seu mundo interior voltam a atacá-los, mas do exterior, por intermédio de outras pessoas que se sentem perturbadas ou incomodadas pelas suas qualidades, pelas suas virtudes, pela sua força de caráter. As pessoas que vivem uma vida vulgar, pelo contrário, não perturbam nem incomodam ninguém e toda a gente se sente contente com elas.
Não é fácil enfrentar os inimigos exteriores, no entanto eles são menos perigosos do que os inimigos interiores. Com eles, deve-se usar a bondade, a doçura, a paciência, ao passo que com os inimigos interiores é preciso usar firmeza, autoridade, severidade. Infelizmente, a maior parte das pessoas têm mais tendência para fazer o contrário: são pacientes, indulgentes, para com os seus inimigos interiores, e assim mantêm-nos nelas; e manifestam uma extrema severidade para com os seus inimigos exteriores, que, evidentemente, ripostam. Não é de ficar surpreendido se elas continuarem a debater-se com dificuldades inextricáveis..."

"O ser humano está construído de forma a ser continuamente obrigado a sair de si mesmo. A partir do instante em que desperta, de manhã, ele sai, isto é, olha, escuta, fala, deixa a sua casa para ir para o trabalho ou para as lojas, vai visitar amigos, distrair-se, passear, viajar. Isso está muito bem, mas, com o tempo, ele deixa-se apanhar a tal ponto por todas essas atividades exteriores que acaba por perder o contacto consigo mesmo, já não sabe verdadeiramente quem é. E, a partir desse momento, não só já não vê claro nas situações e comete erros, como se enfraquece, e o mínimo choque, a mínima contrariedade, deixa-o desamparado.
É normal o homem não ficar fechado em si mesmo, cada contacto com o mundo exterior obriga-o a sair. Mas, para não ficar à deriva, ele deve restabelecer constantemente, pelo pensamento, o equilíbrio entre o exterior e o interior, a periferia e o centro, a matéria e o espírito."

"«Entrai pela porta estreita», dizia Jesus. Compreendereis melhor estas palavras se eu vos apresentar uma outra imagem: a da serpente que muda de pele. A serpente sente que se formou uma pele nova por baixo da antiga e então procura nas rochas uma fissura ou um pequeno buraco, e passa por ele. É difícil, ela tem de fazer esforços para passar por essa “porta estreita”. Mas, ao sair dessa passagem, desembaraçou-se da sua antiga pele.
Do mesmo modo, cada um de nós deve passar um dia pela “porta estreita” a fim de perder a sua velha pele, isto é, as suas velhas conceções, os seus velhos hábitos, os seus velhos raciocínios. Ficai a saber, pois, que esse momento também chegará para vós. A passagem pela porta estreita é, evidentemente, uma provação dolorosa. Mas não fiqueis perturbados, não tenhais medo, regozijai-vos por perderdes a vossa pele velha para vos tornardes um ser novo, com uma compreensão mais vasta, um coração mais generoso e um comportamento que só trará bênçãos aos outros."

"Aqueles que se casam acrescentam aos seres das suas relações um sogro, uma sogra e uma quantidade de cunhadas e cunhados, tios, sobrinhos, primos, etc. Mas isso não os torna necessariamente mais conscientes do que é realmente uma família. Pode-se muito bem alargar o círculo das pessoas com quem se tem relacionamento e continuar a ter a mesma consciência limitada, egoísta. Constata-se isso todos os dias. Fundar uma família, e mesmo ter filhos, não é ainda uma prova de ser capaz desse alargamento da consciência que se manifesta por uma atitude de nobreza e de desapego: aceitar limitar-se, sofrer, sacrificar-se pelos outros.
Mas há mais um passo a dar. Para além da sua própria família – aquela a que já pertenceis e aquela que quereis fundar –, pensai que sois um membro da grande família universal das criaturas de Deus. Que este pensamento vos regozije e vos inspire a trabalhar todos os dias por ela."