domingo, 5 de fevereiro de 2017

MESTRE OMRAAM MIKHAEL AIVANHOV

"Em certos países, é tradição, no primeiro dia do ano, as crianças levantarem-se muito cedo e irem pelas ruas bater às portas dos vizinhos: quando lhes abrem a porta, elas pronunciam votos, bênçãos, para que todo o ano seja favorável aos habitantes daquela casa. Eu também conheci este costume na Bulgária. No amanhecer do primeiro dia de janeiro, mandava-se as crianças desejarem bom ano às casas da vizinhança. Elas levavam na mão um raminho de corniso ao qual, por vezes, se prendiam umas fitas; com este ramo, elas deviam tocar todas as pessoas da casa, pronunciando bons desejos. Considera-se que as crianças são puras, inocentes, pelo que só podem trazer boas coisas, e e é importante que o ano comece sob o signo da pureza e das bênçãos.
São tradições que devem ser respeitadas, se não exteriormente, pelo menos interiormente. Pensai vós também, no primeiro dia do ano, na primeira visita que ides receber, na primeira presença que ides acolher em vós, e preparai-vos: fazei com que essa visita seja a da luz, para que todo o vosso ano seja iluminado."

"No livro do Génesis, está escrito que Deus «insuflou nas narinas de Adão um sopro de vida», e que «o homem tornou-se um ser vivo». A vida do homem começou, pois, por um sopro dado por Deus. E é verdade que, para todo o ser humano, a vida começa com uma inspiração. Quando a criança deixa o ventre da mãe, a primeira coisa que ela tem de fazer para se tornar verdadeiramente um habitante da Terra é uma inspiração: ela abre a sua boquinha, grita, e todos a ouvem e se regozijam ao constatar que ela está viva! É graças a esta inspiração que os seus pulmões se enchem de ar e iniciam o seu movimento. Inversamente, quando se diz que um homem deu o seu último suspiro, toda a gente compreende que ele morreu.
O sopro, a respiração, é o começo e o fim. A vida começa por uma inspiração e termina por uma expiração, e, entre estes dois momentos extremos, é por uma longa sucessão de inspirações e expirações que mantemos a vida em nós. Importa que estejamos conscientes disso e reconhecidos por isso."

"Domingo (o Sol), segunda-feira (a Lua), terça-feira (Marte), quarta-feira (Mercúrio), quinta-feira (Júpiter), sexta-feira (Vénus) e sábado (Saturno) – a sucessão dos sete dias da semana corresponde, simbolicamente, a um arranjo musical dos planetas. E, como cada dia corresponde a um planeta, também eles, um após outro, passam diante do Criador cantando. Eles estão ligados entre si como as contas de um rosário sem fim, cujo desfiar se inscreve na eternidade.
Os rosários têm uma importância tão grande em certas religiões porque simbolizam o encadeamento das forças cósmicas, a sucessão infinita dos elementos e dos seres. E nós nunca devemos esquecer que também fazemos parte de uma cadeia, pois é mantendo a consciência de pertencer a esse desenrolar infinito que vivemos em uníssono com a harmonia cósmica."

"Há dias em que vos sentis inexplicavelmente ricos, felizes, em paz... Como se tivésseis recebido repentinamente um dom do Céu. Mas será que, nesses momentos, pensais em partilhar essa abundância interior com aqueles que estão infelizes e sós?... Aprendei a dar um pouco dessa riqueza, dessa plenitude que nem sequer conseguis conter em vós, e dizei: «Queridos irmãos e irmãs do mundo inteiro, o que eu recebi é tão magnífico! Eu quero partilhá-lo convosco. Tomai desta alegria, tomai desta luz.»
Quando tiverdes a consciência suficientemente desenvolvida para fazer os outros participarem na vossa alegria, não só ficareis inscritos nos registos do Alto como um ser inteligente e bom, mas também o que tiverdes distribuído deste modo irá para a vossa conta nos bancos celestes, à qual podereis recorrer um dia, se necessitardes. Sim, tudo o que dais deste modo continua a pertencer-vos; ninguém vo-lo pode tirar, porque o pusestes nos reservatórios do Alto."

"Muitos viajantes falam com deslumbramento das experiências que viveram no deserto ou em cumes de montanhas! Face à imensidão, deixando-se impregnar pelo silêncio que reina nesses lugares, eles tiveram, segundo dizem, a revelação de um tempo e de um espaço que não são o tempo e o espaço humanos; sentiram uma presença que escapa a qualquer explicação, mas que eles foram obrigados a reconhecer como algo real, a única realidade.
São mesmo necessárias condições excecionais para se viver tais experiências? A verdade é que essa presença que o homem descobre no seio do silêncio se manifesta continuamente em toda a parte, onde quer que ele se encontre. Basta que o homem faça calar as vozes discordantes dos seus instintos, das suas paixões, dos seus pensamentos e sentimentos obscuros, caóticos; o silêncio que então se instalará nele terá o poder de o projetar para um outro tempo e um outro espaço, onde o saber divino, inscrito nele desde sempre, se revelará, pouco a pouco, à sua consciência."

"Todas as condições para o nosso sucesso e para a nossa felicidade existem, mas, muitas vezes, nós não queremos reconhecer isso. Porquê? Porque os acontecimentos raramente surgem como nós imaginávamos ou esperávamos. Mas, se aquilo que esperamos se realizasse tal como o desejamos, talvez estivéssemos expostos a complicações e deceções ainda maiores. Já pensastes nisto?
A sabedoria divina responde aos nossos pedidos, mas fá-lo por intermédio de acontecimentos cujo sentido nos escapa. Ainda não somos suficientemente clarividentes para interpretar os sinais que nos revelariam o porquê desses acontecimentos, dos encontros que temos ou da presença de certas pessoas no nosso círculo de relações. Compreendê-lo-emos, certamente, um dia. Entretanto, devemos confiar no Céu, que previu tudo para a nossa evolução."

"O que é o sangue? Para a Ciência Iniciática, cada gota de sangue é uma quinta-essência da matéria, pois ela contém os princípios dos quatro elementos: terra, água, ar e fogo.
O sangue representa a vida que circula no Universo e é, em nós, o que mais se aproxima da luz. O sangue é a vida, acerca da qual São João escreve, no começo do seu Evangelho, que ela é «a luz dos homens». Ora, a luz é precisamente a matéria da Criação. O relato do Génesis revela que Deus, para criar o mundo, primeiro fez intervir a luz. «Deus disse: Haja luz!» É esta luz que está condensada no nosso sangue. Portanto, devemos estar muito atentos e considerá-lo com imenso respeito, tomando consciência de que ele é luz condensada, vida divina condensada. E, do mesmo modo que o sangue regressa sempre ao coração, a nossa vida deve regressar ao coração do Universo, ao Criador."

"Existem inúmeros livros que dizem como meditar e que fórmulas pronunciar durante as meditações... Eu não nego que essas fórmulas sejam belas, úteis e eficazes. Mas há uma palavra que nunca é mencionada, uma palavra que, para mim, é a mais poderosa de todas, uma palavra que ilumina, que harmoniza, que cura; é a palavra “obrigado”. Eu experimentei muitos métodos na minha vida, fiz muitas experiências, mas, no dia em que me habituei a dizer conscientemente a palavra “obrigado”, senti que tinha ali uma varinha mágica capaz de transformar tudo. Se souberdes como pronunciá-la, esta palavra fará em vós um trabalho até à medula dos vossos ossos.
Nada é mais importante do que agradecer a Deus: «Obrigado, Senhor! Obrigado, com todo o meu coração, todo o meu pensamento, toda a minha alma e todo o meu espírito! Obrigado!» Tereis a eternidade para verificar o valor desta palavra."

"As três virtudes “esperança”, “fé” e “amor” correspondem, respetivamente, à forma, ao conteúdo e ao sentido. A esperança está ligada à forma, a fé, ao conteúdo, e o amor, ao sentido. É a forma que preserva o conteúdo. O conteúdo traz a força. E a força só tem razão de ser lhe for atribuído um sentido.
Quando a esperança é forte, age sobre o corpo físico, influenciando favoravelmente o estômago e todo o sistema digestivo. Se, pelo contrário, ela é fraca ou não existe, o sistema digestivo é afetado por isso e a beleza do corpo também se altera.
A fé, que corresponde ao conteúdo, está ligada à força e influencia os pulmões. Para recebermos energias, vivermos a vida em plenitude e respirarmos os eflúvios celestes, devemos cultivar a fé.
Finalmente, para que a nossa vida adquira o seu sentido mais amplo e mais profundo, é o amor que, como uma fonte, deve jorrar em nós. Apesar dos conhecimentos e das riquezas que possamos adquirir, a vida perde todo o seu sentido sem o amor. O amor está relacionado com o cérebro, e aquele que quer ter a verdadeira inteligência deve aprender a amar."

"O homem só pode alcançar Deus, o Espírito Cósmico, se se esforçar por alcançar o espírito nele mesmo, o seu Eu superior. Assim, quando orais a Deus, na realidade é o cume do vosso ser que procurais atingir. Se conseguirdes, desencadeareis uma vibração tão pura e subtil que, ao propagar-se, ela produzirá em vós as transformações mais benéficas. E, mesmo se não obtiverdes ainda o que pedistes na vossa oração, pelo menos ganhareis alguns elementos muito preciosos.
O que é que dá sentido à oração? O esforço que fazeis para atingir um cume em vós mesmos. Graças a esse esforço, movimentais lá muito longe, muito alto, uma energia que, ao vir até vós, produz vibrações de uma extrema subtileza, produz sons, perfumes, cores, e regenera todo o vosso ser."

"Quaisquer que sejam os vossos sofrimentos e as vossas dificuldades, não deveis ir queixar- vos aos outros e ficar com um ar sombrio; pelo contrário, procurai acender luzes em vós. Sim, quanto mais as coisas correm mal, mais luzes deveis acender. Sabeis o que se passará então? De todos os lados virão pessoas que essa luz terá atraído e elas dir-vos-ão: «Gostávamos de dar-lhe uma ajuda. Do que é que necessita?» Ficareis até sem saber o que fazer com todos os serviços que quererão prestar-vos... Simplesmente por causa da vossa luz!
As pessoas creem que as suas infelicidades podem tocar o coração dos outros e então relatam-nas, até as exageram, na esperança de obterem ajuda e socorro. Mas aqueles a quem se impõe tais relatos só têm um desejo: fugir. Sim, infelizmente, é assim. Nessas condições, é raro alguém ser escutado, porque só a beleza, a luz e o amor atraem os humanos. Portanto, quanto mais as coisas vos correm mal, mais radiosos e alegres deveis ser."

"Todo o mistério da vida está contido na respiração. Mas a vida não pode ser confundida com o facto de se respirar, nem com o ar em si mesmo; ela tem por origem um elemento superior ao ar e para o qual o ar é um alimento: o fogo. A vida tem a sua origem no fogo e o ar serve unicamente para o alimentar, pois, sem a presença do ar, o fogo extingue-se. A ação dos pulmões é precisamente a de alimentar o fogo que arde no coração. A causa primeira da vida é, pois, o fogo; e o ar, que é seu irmão, alimenta-o e vivifica-o. Com a última expiração, o fogo extingue-se: a derradeira expiração extingue o fogo.
Uma vez que é o ar que mantém o fogo da vida, há que dar uma grande atenção ao processo da respiração. Não vos limiteis a pensar que, pelo facto de respirardes, tudo está bem. Não! Na maior parte dos humanos, apesar de eles respirarem – pois estão vivos –, o processo da respiração está enfraquecido, entravado. Por isso, eles precisam de se exercitar a trabalhar com o ar para animarem, purificarem e intensificarem a vida neles mesmos."

"Cada novo dia traz, evidentemente, motivos de inquietação. Mas, mesmo que vos encontreis em grandes dificuldades, ou numa situação perigosa, esforçai-vos por não vos deixardes perturbar. Reagi, ligai-vos à Providência Divina, pedindo-lhe que vos envie a luz. Graças a essa luz, podeis ver as coisas com mais clareza e impor calma ao vosso coração e à vossa cabeça. Só nestas condições é que encontrareis as soluções certas.
Todos os perigos e obstáculos perante os quais a alma humana pode ser colocada resumem-se a duas palavras – medo e escuridão – e é preciso fazer tudo para os vencer. Só há um medo legítimo e bem-vindo, que cada um pode tolerar em si mesmo: o receio de perturbar a ordem divina. Aquele que tem medo da pobreza, dos fracassos, da opinião pública, medo de morrer por doença ou acidente... ainda não é um discípulo. O discípulo só tem um medo, o de ser uma nota falsa na harmonia universal."

"Criou-se o hábito de separar o plano físico do plano espiritual; mas a verdade é que não existe rutura de um para o outro: só há uma passagem progressiva do plano físico ao plano etérico e, além dele, aos planos astral, mental, causal, búdico e átmico.
Esta passagem do plano físico aos planos subtis faz-se, no homem, por intermédio de centros e de órgãos que são, de algum modo, prolongamentos dos centros e dos órgãos físicos. Pode-se considerar estes centros (o plexo solar, o centro Hara, a aura, os chacras) como transformadores que nos permitem viver harmoniosamente, e simultaneamente, no plano físico e nos planos psíquico e espiritual, pois há um contínuo vaivém entre eles. E é isto, verdadeiramente, a alquimia espiritual: a transformação progressiva da matéria física, densa, opaca, em matéria fluídica, etérica, espiritual; e, inversamente, a difusão desta matéria espiritual no corpo físico, que então é vivificado, regenerado."

"A unidade é a condição para a estabilidade e para qualquer atividade construtiva. Quando sentis que um certo estado de hesitação, de dispersão, se instala em vós, parai, recolhei-vos e procurai atingir o centro único do vosso ser: o vosso Eu superior. É em torno desse centro que se organizarão harmoniosamente todas as correntes que vos atravessam: quaisquer que sejam as circunstâncias, sentireis instalar-se em vós um equilíbrio que nenhum abanão poderá fazer-vos perder.
O equilíbrio... Nada é mais importante para a nossa vida física e psíquica, e, ao mesmo tempo, nada é mais difícil de realizar. É preciso tão pouco para ficar desequilibrado e cair! O equilíbrio é uma vitória de cada instante sobre forças contrárias, por isso está sempre ameaçado. É preciso aprender a dominar essas forças contrárias e, para as dominar, é preciso ver claro neste domínio, estar atento e ser determinado. "

"Se estivésseis verdadeiramente atentos, sentiríeis que, antes de cada momento importante da vossa vida (um encontro, uma viagem, um trabalho, uma decisão a tomar), há uma voz interior que vos aconselha. Mas vós não a ouvis e cometeis erros… Por que é que não ouvistes? Porque só o barulho e o alvoroço atraem a vossa atenção. Para que ouvísseis o ser interior que vos fala, ele teria de fazer muito barulho, mas, como ele fala baixinho... Contudo, ficai a saber que, quando os seres superiores falam aos humanos, apenas dizem algumas palavras e com uma voz quase impercetível, um murmúrio, como uma brisa ligeira, e cabe-lhes a eles estar atentos.
Por vezes, encontrais-vos em situações difíceis… Nunca vos aconteceu dizer: «Por que é que eu me deixei arrastar para isto?... Realmente, havia qualquer coisa a chamar-me à atenção, mas era uma voz tão fraca!...» Pois bem, tirai daí uma conclusão: de futuro, desconfiai das vozes que vos falam muito e com grande intensidade, para vos induzirem em erro, e esforçai-vos por escutar melhor a suave voz do Céu, que quer evitar-vos sofrimentos inúteis."

"O Céu só julga as criaturas segundo o que elas são capazes de dar em função aos meios de que dispõem. Existem seres realmente desfavorecidos: nasceram em famílias miseráveis onde foram maltratados, tiveram diante dos olhos exemplos deploráveis, não são saudáveis, não tiveram estudos… Dir-se-ia que não há nada a esperar deles. Mas, com esforços continuados e uma convicção inabalável, eles conseguiram ultrapassar essas condições e realizar aquilo que outros, embora mais privilegiados do que eles, foram incapazes de fazer.
Pois bem, é isso que o Céu observa quando nos envia à terra: o que nós conseguimos fazer com as faculdades que recebemos e nas condições que nos foram dadas. A vida é tão rica em possibilidades que cada um pode sempre encontrar maneira de se melhorar e de se enriquecer espiritualmente."

"Em que medida é que o homem é livre? Eis um assunto sobre o qual os pensadores e os teólogos discutem continuamente há séculos sem conseguirem chegar a um acordo, porque colocam mal a questão. A liberdade não é uma condição dada ou não ao homem de uma vez por todas. O homem que se questiona: «Eu sou livre?» deve compreender que, na sua existência presente, a sua liberdade é muito limitada, porque o seu presente é uma consequência do seu passado; ora, é impossível voltar ao passado para o modificar. Ele tem de sujeitar-se às consequências do passado, digeri-lo, e é isso que faz no presente. É em relação ao futuro que ele é livre, o presente apenas lhe dá possibilidades de criar o futuro que ele deseja.
É nestes termos que se coloca a questão da liberdade. Sabendo que podemos, desde já, determinar o nosso futuro, preparamo-nos para nos tornarmos cada vez mais senhores do nosso destino e deixamos de estar sujeitos ao presente, podemos moldá-lo."

"Para decidirdes que sentido dar à vossa vida, não comeceis por questionar-vos sobre a existência de Deus. Deveis fazer exatamente o contrário: dar um sentido cada vez mais rico a todos os momentos da vida, e a existência de Deus tornar-se-á, para vós, uma evidência.
Deus é a vida, a plenitude da vida, e para sentirmos a sua presença é preciso tornarmo-nos vivos e descobrirmos que, à nossa volta, também é tudo vivo: a terra é viva, a água é viva, o ar é vivo, o fogo e a luz são vivos! O que pode sentir um morto? Seja o que for que lhe deis, ele não reagirá, pois a sua vida foi-se e ele não pode sentir qualquer sensação. Para ter sensações, é preciso estar vivo. Direis que já sabeis isso... Sim, teoricamente, toda a gente o sabe. Mas isso não chega, e essa é a razão por que há, por toda a parte, tantos cadáveres ambulantes que não sabem o que fazem nesta terra. Eles que procurem, finalmente, dar alento à vida neles!"