domingo, 7 de janeiro de 2018

MESTRE OMRAAM MIKHAEL AIVANHOV



"Ouve-se por toda a parte as pessoas queixarem-se de que o mundo está mal. Elas queixam-se, só sabem queixar-se, e esperam que sejam os outros a pôr-se a trabalhar para melhorar as condições. Por que é que não começam elas próprias? Não, ficam à espera, e os outros fazem como elas, esperam também… E isto pode prolongar-se eternamente.
Vós direis que, perante a imensidão da tarefa a cumprir, as pessoas se sentem desencorajadas. Mas é preciso ter coragem, é isso que é meritório. Quando há boas condições, é muito fácil acreditar no bem e pôr-se a trabalhar: tudo é simples, agradável. É quando existem dificuldades que há que comprometer-se e perseverar, sem se deixar influenciar pelas condições. É preciso aprender a contar com as forças do espírito. É aí que se vê quem são os verdadeiros espiritualistas: apesar das más condições, apesar das tempestades, eles esforçam-se por pôr a sua vontade ao serviço do bem e da luz."

"Cada manifestação da sua vida física, psíquica e espiritual dá às criaturas determinados comprimentos de onda, determinadas vibrações, que as põem automaticamente em contacto com as entidades e as correntes do espaço que têm esses mesmos comprimentos de onda, essas mesmas vibrações. É assim que se explicam as relações que nós estabelecemos com as forças da Natureza. Pelos nossos pensamentos, pelos nossos sentimentos, pelos nossos atos, nós entramos em afinidade com regiões, com entidades, que têm os mesmos comprimentos de onda que nós, as mesmas vibrações que nós, e, pela força da atração, mais cedo ou mais tarde acabamos por encontrar-nos.
A Ciência Iniciática dá a cada ser humano os meios para criar o futuro que ele deseja. É a qualidade dos seus pensamentos, dos seus sentimentos e dos seus desejos que o arrasta para as trevas, para o caos, ou, pelo contrário, para as regiões puras e luminosas do mundo divino."

"O trabalho espiritual, o trabalho sobre si, é um empreendimento de longa duração e, face à lonjura do caminho a percorrer e aos obstáculos que é preciso vencer, por vezes sois tomados pela dúvida: credes que já não tendes, realmente, as qualidades necessárias para chegar a algum resultado. Ocorre então em vós uma espécie de divisão, de bifurcação, o que é muito nocivo para a vida psíquica, pois esta dúvida terrível acerca de vós mesmos poderá, pouco a pouco, paralisar-vos.
Mas, sejam quais forem as razões que tenhais para alimentar esse tipo de dúvida, só uma coisa poderá impedir que esse veneno vos destrua. É a consciência de que habita em vós uma Entidade poderosa, omnisciente e que é pleno amor: o Senhor, o Criador de todos os mundos. Ligando-vos a Ele, apoiando-vos n’Ele, podereis continuar a construir o vosso ser interior."

"O orgulhoso imagina que não depende de nada nem de ninguém, exatamente como uma lâmpada que pretendesse dar luz esquecendo que é a central elétrica que lhe fornece a corrente. O homem humilde, pelo contrário, sabe que não é um ser isolado, que nada depende dele e que, se não permanecer ligado ao Céu, não terá força, nem luz, nem sabedoria; ele sente que é um elo de uma cadeia infinita, um condutor de uma energia cósmica que vem de muito longe e que, através dele, corre para todos os seus irmãos humanos.
Quais são as consequências destas duas atitudes? O orgulhoso, que julga depender apenas de si e esquece a origem das correntes que se manifestam através dele, acaba por tornar-se uma terra árida. O homem humilde, pelo contrário, é um vale regado pela água que desce dos cumes para fertilizar as planícies: ele recebe as forças jorrantes da montanha e vive na abundância. Ainda não foi compreendida a riqueza que há na humildade."

"As estradas e os caminhos terrestres têm, geralmente, muitas obstruções, as vias marítimas têm um pouco menos e as vias aéreas menos ainda, pois podemos deslocar-nos no ar a uma velocidade extrema sem encontrarmos obstáculos.
Interpretemos agora estes factos. Aquele que fica agarrado à terra, quer dizer, que só procura corresponder às solicitações do seu estômago, do seu ventre, do seu sexo, encontra muitos obstáculos, pois vai contra os interesses materiais de quem o rodeia. Se ele disser para si próprio: «Sendo assim, irei pela água» – o que corresponde ao plano astral: os sentimentos, as emoções –, avançará mais livremente, mas também aí entrará em conflito com os desejos e as paixões dos outros. «Bom, então irei pelo ar», o plano mental, o domínio do pensamento. É ainda melhor, o espaço abrir-se-á mais amplamente diante dele; mas aí entrará em choque com aqueles que não têm as mesmas conceções filosóficas, científicas, religiosas ou políticas que ele. Se quiser já não encontrar obstáculos, ele deve lançar-se para além do ar, para as regiões subtis, límpidas e luminosas do éter, ou seja, elevar-se até ao seu Eu superior. "

"A vida e a morte estão tão estreitamente ligadas que há sempre, na existência, alguma coisa que tem de morrer para que outra coisa possa viver. Quer se queira, quer não, este é um dilema ao qual é impossível escapar.
Isto pode observar-se, desde logo, no domínio da saúde. Quantos doentes, a quem o médico recomenda que deixem de fumar ou de beber álcool, têm a impressão de que, se seguirem estes conselhos, se sentirão a morrer! Isto acontece porque há duas conceções da vida que entram em conflito: a da vida instintiva e a da vida sensata. Para se viver uma coisa, há que renunciar a viver outra. Aquele que, para viver mais intensamente ou de um modo mais agradável, não respeita as leis da vida física, adoece e morre. Cada um deve escolher a forma de vida que quer privilegiar, pois não se pode viver ao mesmo tempo uma coisa e o seu contrário. Isto é ainda mais verdadeiro em relação à vida espiritual."

"Embora os humanos se queixem do mal e desejem o bem, dir-se-ia que eles estão muito mais convencidos do poder do mal do que do poder do bem. Eles dizem que a experiência lhes mostrou que quem quer criar a desordem, demolir os seres, consegue-o mais facilmente e mais rapidamente do que quem quer ser útil e repor uma situação em ordem; então, para que serve fazer tantos esforços? Eles não reagem ou até se deixam arrastar no sentido de também agirem mal.
Mas há uma questão que eles não consideraram: quanto tempo durarão os sucessos que o mal parece proporcionar? Sim, para se tirar conclusões verdadeiramente válidas, é preciso ter em conta o fator tempo: durante quanto tempo irão triunfar as forças do mal? Porque, no momento em que o mal começa a agir, as forças do bem não ficam inativas: também se erguem para restabelecer a ordem e a justiça."

"«Quando orares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora ao teu Pai que está aí, no lugar secreto.» Como compreender este lugar secreto de que Jesus fala?...
Quando o homem consegue criar em si o silêncio e a paz, quando ele tem necessidade de exprimir ao Senhor o seu amor por Ele, quando ele quer comunicar com Ele, está já no seu lugar secreto. Não sabeis onde é esse lugar? Ele pode ser no coração, no intelecto, na alma... Na realidade, é um nível de consciência que se consegue atingir. Vós meditais, por exemplo, num problema de ordem espiritual que achais difícil de resolver. Entrais profundamente em vós mesmos para obter uma resposta e, algum tempo depois, pouco a pouco, faz-se luz. O que é que se passou? De onde vos veio essa compreensão? O vosso espírito possuía-a, mas a vossa consciência não tinha ainda conseguido elevar-se até lá. É este o sentido das palavras de Jesus: quando ora, quando medita, o homem fecha-se num lugar secreto, onde não há agitação nem barulho, e aí recebe revelações."

"Sozinho, entregue a si mesmo, o ser humano não pode evoluir: ele tem necessidade de receber impulsos do mundo exterior, da Natureza, dos acontecimentos e também, é claro, de outros seres humanos. Ele tem necessidade de ver, de ouvir, de se relacionar, e até de receber choques e de sofrer. Se ele não for despertado, sacudido, nada fará.
E o que é verdadeiro nos planos físico e psíquico também o é, de um modo mais subtil, no plano espiritual. Por isso os grandes Mestres são tão necessários: graças à sua vida pura, graças às suas emanações, graças aos seus sentimentos e aos seus pensamentos de amor e de sabedoria, esses seres conseguem remexer algo em nós. Se eles nem sempre o conseguem, não é por serem incapazes ou fracos, mas porque nós nos deixámos ficar debaixo de muitas camadas de materiais opacos e pesados. Por isso, agora temos de fazer um grande trabalho interior para que a força e a luz dos Mestres penetrem em nós."

"Em todas as religiões, o Deus supremo é considerado como a única fonte da vida. É Ele que dá a vida e que a retira, Ele é o seu Senhor, pois Ele é a vida. Ora, o que é que se sabe acerca da vida? Só se pode constatar a multiplicidade das suas manifestações e dizer que todas as possibilidades e todos os bens estão incluídos nela. Mas ela mesma permanece um mistério.
Acontece com a vida o mesmo que com Deus, e qualquer tentativa que os humanos façam para se apoderarem dos segredos da vida não será bem-sucedida. Os biólogos, por terem realizado uns trabalhitos agindo como aprendizes de feiticeiro, talvez possam imaginar por algum tempo que se tornaram senhores da vida… Não, eles depressa serão obrigados a reconhecer o seu insucesso, pois a vida só pertence a Deus. Deus dá a vida, mas guarda o segredo da sua criação, é o seu segredo."

"Por vezes, na montanha, vemos à beira de um precipício uma árvore com o tronco e os ramos retorcidos de um modo bizarro. Essa árvore teve de suportar os ventos, as tempestades e, por vezes, até os raios, mas resistiu, e a sua luta com os elementos reflete-se no seu tronco e nos seus ramos. Do mesmo modo, encontramos na vida seres cujo rosto é assimétrico, parece o de alguém submetido a tortura, mas que dons e que talentos eles têm!... Isso prova que também eles estiveram expostos às intempéries da existência. Para as enfrentarem, precisaram de desenvolver o intelecto e a vontade, em detrimento das qualidades do coração, e esses esforços, essa tensão, leem-se nos traços do seu rosto.
A beleza nos seres fala mais das suas qualidades de coração do que das suas faculdades intelectuais e da sua vontade. A beleza, a verdadeira beleza, tem muito mais afinidades com a bondade do que com a inteligência. Aliás, é essa a razão por que as pessoas muito belas, frequentemente, estão predestinadas a ser vítimas. Por isso, é importante que elas estejam rodeadas de pessoas que as ajudem a defender-se contra a cobiça que a beleza suscita."

"Não há muitos adultos que se preocupem verdadeiramente em ajudar os jovens a verem as coisas com clareza, a equilibrarem-se e a reforçarem-se. A maior parte está à espreita do que pode seduzir as crianças e os adolescentes, cujos instintos e desejos começam a despertar, e apressa-se a oferecer isso à sua cobiça! Este processo começa com os brinquedos e continua, mais tarde, com todo o tipo de objetos ou de atividades completamente inúteis ou mesmo nocivas. Os jovens, por si próprios, nunca teriam qualquer ideia sobre esses objetos e essas atividades se não os vissem expostos por todo o lado, nas montras das lojas e alardeados pela publicidade.
Há imensos adultos que são culpados de induzirem os jovens em erro! Em primeiro lugar, porque suscitam neles desejos materiais que eles não têm a possibilidade de satisfazer, o que acarreta frustrações e, consequentemente, o desejo de obter por formas desonestas o que não podem obter honestamente. Depois, porque, ao fazê-los crer que necessitam absolutamente desses objetos ou dessas atividades para se sentirem bem e se regozijarem, desviam-nos da verdadeira busca da felicidade e do sentido da vida. Então, não devem surpreender-se se, um dia, forem vítimas dos comportamentos criminosos que criaram e alimentarem neles."

"O ser humano é habitado por uma multidão de entidades que a Inteligência Cósmica encarregou de velarem pelo seu desenvolvimento. E se, pela sua negligência ou pela sua má vontade, ele está a destruir alguma coisa no seu intelecto, no seu coração ou no seu corpo físico, algumas dessas entidades começam a picá-lo e a mordê-lo, para o fazerem voltar ao bom caminho.
Foi a estas chamadas à ordem que o homem atribuiu a palavra “sofrimento” e, como sofrer é desagradável, ele vê no sofrimento um inimigo; mas está enganado! Como o sofrimento lhe traz avisos, na verdade este é, para ele, um associado: só vem para lhe mostrar que ele saiu das boas condições onde o caminho era claro e estava desimpedido. O homem deve, pois, não só tentar compreender a linguagem do sofrimento, mas também agradecer-lhe, dizendo: «Que Deus te abençoe! Tu trouxeste-me a compreensão e eu vou reparar os meus erros.» E, no momento em que ele compreendeu e decidiu corrigir-se, o sofrimento tem ordem para o deixar, pois fez o seu trabalho, cumpriu a sua missão."

"Nem sempre é fácil uma pessoa concentrar-se para orar e ligar-se a Deus. Então, em vez de vos impacientardes ou de desanimardes quando isso vos acontece, tentai utilizar o método que vou ensinar-vos. Imaginai, algures muito alto e muito longe, um centro vivo, vibrante, de onde jorram raios de luz que partem em todas as direções para alimentar as entidades celestes e todas as criaturas do Universo. Graças a esta imagem, os vossos pensamentos dirigir-se-ão para o lugar onde a presença divina se manifesta mais intensamente e sentireis que a vossa oração recebe um eco.
Os Iniciados e os grandes Mestres estão incessantemente ligados a este centro de luz. Os seus pensamentos criam no invisível correntes poderosas às quais podemos associar-nos para nos sentirmos em comunhão com o Senhor."

"A primavera, o verão, o outono, o inverno... Cada estação apresenta correspondências com os elementos do nosso psiquismo, e o inverno simboliza as condições difíceis da vida. Durante o inverno, as energias das árvores concentram-se nas raízes, onde começam um grande trabalho. As raízes da árvore correspondem, em nós, ao subconsciente, e, durante o inverno, ou seja, nas dificuldades, no sofrimento, na solidão, é para aí, para o subconsciente, que as energias se retiram. Mas elas não ficam inativas.
Viver no inverno é difícil, evidentemente, mas no inverno prepara-se a primavera; em breve, tudo ficará de novo verde e florido... Basta, pois, ser paciente e esperar que as correntes subam novamente à consciência e à supraconsciência. Mas, para facilitar este processo, há leis que é preciso conhecer: durante este período de frio, a pessoa não deve queixar-se, nem revoltar-se, nem desanimar, deve somente acender o fogo em si mesma e soprar nele para aquecer o seu coração e o de todos os seres."

"Àquele que sabe acompanhar a respiração com um trabalho do pensamento, ela revela grandes mistérios. Vou explicar-vos um exercício que podeis fazer. Quando inspirais, imaginai que todas as correntes do espaço convergem para vós, para o vosso ego, que é como um ponto impercetível, o centro de um círculo infinito. Depois, ao expirar, imaginai que conseguis estender-vos até à periferia desse círculo, até aos confins da Criação. Contraís-vos de novo e de novo vos dilatais... Descobrireis assim o movimento de fluxo e de refluxo que é a chave de todos os ritmos do Universo. Ao procurardes tornar-vos conscientes dele, entrais na harmonia cósmica e processa-se uma troca entre o Universo e vós, porque, ao inspirardes, recebeis elementos do espaço e, ao expirardes, projetais, em retorno, algo do vosso coração e da vossa alma.
No dia em que compreenderdes a respiração na sua dimensão espiritual, desejareis dedicar a vossa existência a inspirar a luz de Deus, para depois reenviardes essa luz a todas as criaturas."

"Na vida psíquica e na vida espiritual, ao contrário do que se passa no plano físico, os seres humanos não são unicamente homens ou mulheres. Assim, o místico que contempla a Divindade é como uma mulher que quer receber uma centelha, um germe do Criador. Ao abrir-se a Ele, o místico muda de polaridade e recebe na sua alma esse germe, que trará em si durante muito tempo, como uma grávida, para dar à luz um filho divino. No plano espiritual, o homem pode conceber uma criança, como a mulher. Do mesmo modo, se uma mulher que se consagra ao serviço de Deus aprendeu a mudar de polaridade, torna-se ativa, emissiva; pelo seu espírito, ela pode unir-se à Alma Universal e moldá-la.
 Na vida espiritual não há uniões estéreis, se os homens e as mulheres estiverem instruídos sobre as leis da polarização."

"O que é festejamos nós no Natal? A união da alma com o espírito. A alma e o espírito unem-se para trazer ao mundo um germe que é um ponto de partida em nós para uma nova consciência. Esta consciência manifesta-se como uma luz interior que expulsa as trevas... como um calor tão intenso que, mesmo que o mundo inteiro nos abandone, nunca nos sentiremos sós... como uma vida abundante que fazemos jorrar por toda a parte onde os nossos pés nos levam. Esta consciência é acompanhada por um afluxo de energias puras que nos incita a trabalhar para a vinda do Reino de Deus. Neste trabalho, nós descobrimos a alegria extraordinária de nos sentirmos em ligação com todo o Universo, com todas as almas evoluídas, de fazer parte dessa imensidão, e temos a certeza de que nada nem ninguém pode tirar-nos essa alegria.
Na Índia, chama-se a esse estado a consciência búdica. Os cristãos chamam-lhe o nascimento do Cristo."

"Nós devemos trabalhar todos os dias para tornar a nossa vida mais pura, mais intensa, pois essa vida é que produzirá fenómenos da mais alta magia nos corações, nas almas, nas inteligências, nas entidades e nas forças da Natureza, e até nos objetos materiais.
Para que serve vir à terra se for para aqui se arrastar numa existência medíocre? Comer, beber, dormir, desembaraçar-se para garantir a sua subsistência, ter algumas aventuras passionais das quais se sai mais ou menos destroçado... O que é tudo isso comparado com a eternidade de esplendor que nos espera se aprendermos simplesmente isto: como viver? Por que é que os Iniciados têm o equilíbrio, a paz, a alegria? Porque trabalharam para purificar a sua vida, para a tornar bela e poderosa. Eles compreenderam que a verdadeira magia se encontra na vida e em nada mais. Não há maior magia do que poder viver e insuflar a vida divina, animar os seres, estimulá-los, exaltá-los, ressuscitá-los."

"O Criador deixou a sua criatura livre e cabe-lhe a ela encontrar a paz, a alegria, a luz, cabe-lhe a ela compreender que direção deve seguir e caminhar nessa direção. Vós direis: «Mas porquê? Não seria melhor Deus impor-se aos humanos e ditar-lhes o comportamento correto?» Não, é a eles que cabe fazerem esforços para compreenderem onde está o seu interesse, para perceberem por que é preferível seguir uma determinada direção ou fazer uma determinada escolha, em vez de uma outra. Eles têm de estar verdadeiramente convencidos disso, senão seriam semelhantes aos bois que o lavrador pica com o seu aguilhão para os obrigar a cavar sulcos perfeitamente direitos.
Que ganharíamos nós em ser impelidos, independentemente da nossa vontade, para o caminho do bem? Pouca coisa, e tudo deveria ser sempre recomeçado, pois não teríamos agido conscientemente, com conhecimento de causa. É por isso que o Criador e os espíritos celestes deixam o homem livre: cabe-lhe a ele compreender e sentir o que é a melhor via para si."

"Está escrito no Zohar que o rosto do primeiro homem era semelhante ao do Criador. Mais tarde, quando o espírito de rebeldia despertou nele (e este processo é simbolizado pela serpente enrolada em torno da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal), o homem deixou o Paraíso, onde vivia na luz, e desceu às regiões mais densas da matéria; aí, conheceu o frio, a escuridão, a doença, a morte, e o seu rosto alterou-se.
Agora, que já não é a imagem fiel de Deus, o ser humano perdeu o seu poder, os espíritos da Natureza já não lhe obedecem e comprazem-se em atormentá-lo. Mas, se ele se esforçar por recuperar o seu rosto original, todos os espíritos do Universo se submeterão de novo a ele. Até lá, continuará a assemelhar-se ao filho pródigo da parábola do Evangelho, que, tendo deixado a casa paterna para correr mundo, viu-se forçado a viver uma existência miserável como guardador de porcos. Mas, pelo menos, esse filho pródigo acabou por compreender que devia regressar à casa paterna. Quando é que os humanos acabarão por compreender que devem regressar à Origem, à luz, ao amor e à vida do Pai Celeste, para voltarem a ter o seu verdadeiro rosto?"

"Não espereis o Reino de Deus como uma organização política ou social que se imporá na terra. O Reino de Deus é, em primeiro lugar, um estado de consciência, uma maneira de viver e de trabalhar. Por isso, ele não pode ser realizado no plano físico sem antes ter sido realizado no pensamento. Uma vez realizado no pensamento, ele descerá ao coração, aos sentimentos, e então poderá, finalmente, exprimir-se por atos. É este o processo da realização na matéria: pensamento – sentimento – ato.
Um dia, o Reino de Deus realizar-se-á na terra. Mas, em primeiro lugar, ele deve existir nos pensamentos e nos sentimentos dos humanos. E pode ver-se que esse processo já começou... Milhares de homens e mulheres, em todo o mundo, alimentam neles o ideal do Reino de Deus e o amor por ele; são mesmo muitos mais do que aquilo que julgais. O Reino de Deus até já se realizou no comportamento, na maneira de viver de alguns e, mesmo sem os conhecermos, é com eles que nós trabalhamos."

"Muitas pessoas, pelo facto de porem dinheiro no banco, de comprarem ações, de fazerem um seguro de vida, etc., imaginam que estão a trabalhar para o futuro. Mas a que é que elas chamam futuro? O verdadeiro futuro dos humanos não é os trinta, quarenta ou cinquenta anos que ainda têm de passar na terra, ou mesmo a duração de vida dos seus filhos e netos. Esse futuro para o qual eles se preparam é tão próximo que depressa será presente, e um presente que se tornará passado com a mesma rapidez. Portanto, afinal eles trabalham apenas no vazio, para o vento.
Tudo o que vier a ocorrer na vossa existência atual pertence ainda ao presente. O futuro que deveis pensar em criar é o infinito, a eternidade."